– A Indonésia já deu sinais de que quer falar com autoridades brasileiras para conceder espaço ao frango nacional – afirmou.
Turra explicou que já havia interesse comercial de ambos os lados, mas o processo emperrava na resistência dos indonésios em firmar um acordo sanitário com o Brasil. O problema levou o governo brasileiro a pedir a abertura de um painel sobre a questão na OMC, em Genebra.
Com o parecer favorável da OMC à causa brasileira, a Indonésia foi notificada de que teria 60 dias para apresentar argumentos sólidos que justificassem a não abertura do mercado, sob o risco de sofrer multas e penalizações. De acordo com Turra, este prazo termina antes do Natal.
– A boa notícia seria de que estamos antevendo que eles não vão deixar passar o prazo que foi concedido – revelou.
A busca por novos mercados é uma das prioridades do setor de proteína animal brasileiro, diante da estagnação do consumo no Brasil nos últimos anos.
– Tem uma janela lá fora que está salvando setor – resumiu.
Fator Rússia
Um dos principais motores deste segmento este ano é a crescente demanda russa por proteína brasileira, resultado do embargo do governo de Moscou aos mercados norte-americanos e europeu. Segundo Turra, a média de importação de frango brasileiro pela Rússia foi de 5 mil toneladas mensais até agosto. Em setembro o volume subiu para 20 mil toneladas e, em outubro, deve chegar a 30 mil, de acordo com informações preliminares da ABPA.
– Até o fim do ano o ritmo será este mesmo, de entre 20 e 25 mil toneladas mensais – disse.
No caso dos suínos, também houve aumento, mas em proporção menor por causa da falta de oferta no Brasil. De acordo com o presidente da ABPA, o desafio da indústria brasileira é fidelizar o mercado russo, tradicionalmente instável.
– Essa conjuntura favorável pode durar seis meses ou um ano. Estamos exportando um bom produto sem explorá-los no preço. Na hipótese de os russos voltarem a fazer acordos com os americanos e os europeus, queremos que lembrem que já não somos o mesmo país do passado – disse.
Turra também defende o investimento em tecnologia e inovação para garantir a exportação de produtos com valor agregado, o que garantiria um incremento na receita da cadeia de proteína animal brasileira. Ele estima que a exportação de aves brasileiras termine 2014 com um crescimento de 4% em volume e 6% em receita. Já os embarques de suínos devem ter redução do volume, mas uma alta de até 15% na receita.