Em Sertãozinho, interior de São Paulo, as indústrias de base tiveram quase 50% do orçamento reduzido por conta da grave crise do setor. As empresas esperam que as medidas do governo federal possam amenizar a situação nos próximos meses.
– No momento em que essa concorrência desleal acabar de existir (com o subsídio da gasolina), isso irá ajudar o setor. Porém, somente isso não resolve, pois o problema é macro. Nós temos problemas de preço de energia, custo de produção, tanto das usinas quanto das indústrias. Então apenas isso não resolve o problema, mas ajuda – comenta o diretor do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-BR) Gilson Rodriguez.
A entressafra é o período quando, geralmente, as indústrias investem em infraestrutura e contratações. Mas, para este ano, o setor calcula uma redução de, pelo menos, 30% na mão-de-obra.
O Sindicato dos Trabalhadores da região não quis se pronunciar sobre o assunto, mas disse contabilizar cerca de 2500 demissões no setor de janeiro a outubro deste ano. A situação é tão delicada que algumas empresas ainda não fizeram o acerto de contas com os funcionários desligados.
– A cadeia produtiva da caldeira, por exemplo, é muito grande e envolve desde a indústria de automação, instrumentação, controle, tratamento de água, turbina geradores. É necessário envolver grandes empresas. Nós fizemos o máximo de esforço para reduzir custos e buscar eficiência. Agora é preciso das ações do goveno. Tudo que era possível de fazer já foi feito – completa o diretor do Ceise-BR.
Um dos exemplos é a indústria Zanini tem mais de 60 anos no setor sucroenergético na produção de caldeiras e tanques para usinas. Para enfrentar a crise, a empresa precisou diversificar a produção, passando a atender outros mercados, como papel de celulose, gás, óleo e serviços de manutenção.
– A área de óleo e gás nós sabemos que há uma demanda mais forte do ponto de vista de exigências. Você têm várias documentações e vários tipos de treinamentos necessários para atender o setor. Mas nós não podemos nos esquecer de que o próprio setor sucroenergético caminha para elevação de nível de exigência, para nós esse ensaio do petróleo e gás também serve para atender as usinas do futuro – afirma o presidente da empresa, Dario Costa Gaeta.