O mercado do boi gordo já iniciou esta semana com leve queda nos contratos negociados na BM&FBovespa. Por volta das 10h, o vencimento de dezembro recuava 0,07%, com a arroba cotada a R$ 143,60. Já o contrato para janeiro de 2015 registrava perda 0,08%, a R$ 141,35 por arroba. A partir de janeiro, a expectativa do analista é de baixa nas cotações devido a uma pressão sazonal e ao aumento da oferta. A projeção de recuo nas exportações também deve contribuir para a queda dos preços do boi.
– O produtor deve comercializar seus lotes com tranquilidade até o fim do ano, sem muitas oscilações de preço, mas programar as vendas do início de 2015 prevendo pressão de baixa – sugere.
Ferraz destaca que, historicamente, as vendas externas caem em dezembro e janeiro. No entanto, a recessão do mercado russo, maior comprador de carne do mundo, pode gerar um impacto global no comércio bovino em 2015.
– A Rússia deixou a situação mais aguda. A moeda deles está desvalorizando demais e a importação está ficando cara. Eles são grandes compradores da carne bovina, de aves e de suínos do Brasil – pontua.
Segundo ele, a previsão de mais impostos na economia brasileira é outra variável que colabora para a queda no consumo interno, o que deve gerar mais recuo nas cotações. A queda no valor do petróleo também afeta diretamente as exportações.
Rússia
Na semana passada, o ministro da Economia do país, Alexei Ulyukayev, alertou que a Rússia deve entrar em recessão no ano que vem e que o rublo deve permanecer fraco em virtude da queda dos preços do petróleo e das sanções de países ocidentais. O economista sênior do Australia and New Zealand Banking Group (ANZ), Paul Deanne, prevê que as importações russas de carne bovina em 2015 caiam ao menor nível em 15 anos. Assim, cerca de 150 mil toneladas de carne congelada do Brasil e do Paraguai, previamente destinadas à Rússia, terão que ser escoadas para outros mercados.
Além disso, de acordo com previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Brasil e Paraguai devem aumentar as exportações de carne bovina em 2015 em 220 mil toneladas, um cenário que deve reduzir os preços do produto. Segundo Deanne, dois mercados importantes para o Brasil, possivelmente capazes de absorver maiores volumes de carne, são China e Oriente Médio, que apresentaram rápida expansão da demanda pelo produto da Austrália nos últimos anos.
Mercado doméstico abre semana em queda
De acordo com a Scot Consultoria, a oferta de animais terminados registrou melhora nos últimos dias em algumas regiões do país. As escalas de abate cresceram, gerando recuo no preço da arroba em três praças pecuárias, das 31 pesquisadas. De maneira geral, no entanto, a oferta não está abundante. No Sul da Bahia, por exemplo, a semana passada terminou com alta de R$ 6,00 por arroba. Em São Paulo, seguem ocorrendo negócios acima da referência. O consumo de carne bovina não evoluiu nos últimos dias, mesmo com o início de mês, quando a população está mais capitalizada.