O preço do açúcar para entrega em março nos EUA fechou a 23,98 cents/lb na sexta, dia 5, na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Já o contrato usado no mercado global com vencimento para o mesmo mês encerrou em 15,14 cents/lb.
Há um ano, a diferença entre os dois contratos era de apenas 2 cents. À época, os EUA importaram um volume recorde do México e criaram um cenário com estoques amplos no país, o que reduziu os preços do açúcar internamente.
Os preços do açúcar nos EUA costumam ficar alguns cents acima do preço mundial, devido a políticas de restrição de importações e a auxílio aos produtores. No entanto, a diferença se expandiu neste ano, após o governo norte-americano ameaçar aumentar as taxas de importação do México para proteger os produtores dos EUA.
Em outubro, o México fechou um acordo preliminar para embarcar menos açúcar aos EUA, o que reduziu a diferença entre o preço dos EUA e o preço mundial no mercado de futuros. Os EUA são o quarto maior consumidor de açúcar e dependem de importações, principalmente do México, para suprir cerca de 25% de sua demanda.
Diferente de outros exportadores de açúcar, como Brasil e Tailândia, o México vende a commodity para os EUA livre de taxas, devido ao Tratado de Livre-Comércio da América do Norte. No entanto, em março, produtores dos EUA alegaram que o México estaria subsidiando a indústria de açúcar. O Departamento do Comércio estipulou a taxa de importação em 64,27% sobre o açúcar mexicano, elaborando um acordo para suspender a tarifa apenas quando o país se comprometesse a restringir as vendas. O acordo ainda não foi finalizado.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que o México deve exportar 26% menos açúcar na temporada iniciada em 1º de outubro ante a temporada passada. Segundo analistas, a redução das exportações do México pode pesar ainda mais sobre as cotações do açúcar, uma vez que o produto que era destinado aos EUA irá contribuir para aumentar os estoques mundiais.
– Haverá muito mais açúcar do México no mercado mundial. Isso deve pressionar os preços – disse Sergey Gudoshnikov, economista da Organização Internacional do Açúcar (OIA).