Estima-se que um quarto de todos os alimentos que entram na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) não são comercializados. Destes, 154 toneladas vão para o Banco de Alimentos e outras quatro mil para o aterro. O resto não aparece em nenhum dado oficial. É o que mostramos na primeira reportagem da série.
O destino de parte destes alimentos é a mesa do consumidor, pela não informal dos ambulantes. Todos os dias milhares de pessoas vão até a Ceagesp para buscar o alimento do lixo. Alguns matando a fome, outros colocando de volta no mercado frutas, verduras e legumes que já haviam sido descartados. Uma confusão de ambulantes, que são proibidos de circularem no entreposto, lixo e insegurança toma conta da Ceagesp todos os dias.
A Ceagesp arrecada R$ 8,6 milhões por mês em taxas para garantir segurança, fiscalização, limpeza e outros benefícios. Mas o serviço prestado não parece ser suficiente para manter o entreposto da capital limpo e coibir irregularidades. O entreposto tem mais de três mil permissionários que pagam por energia elétrica, água e esgoto, limpeza, segurança, conserto e conservação, IPTU, fiscalização de portaria e ambulância. Mas os permissionários que ouvimos dizem que pagam por serviços que estão sendo realizados de maneira precária e reclamam da administração.
REPERSUSSÃO
Após as denúncias, o ministro da Agricultura, Neri Geller, afirmou que não sabia das irregularidades e responsabilizou a administração da Companhia.
– Esse é um assunto que tem que ser conversado com a Ceagesp, tem uma diretoria que precisa responder por isso. Nós vamos averiguar.