Produtor deve vender milho estocado e investir em tecnologia de produção

Céleres Consultoria aponta que, enquanto lavoura convencional rende R$ 16 por hectare, lavoura tecnificada chegaria a R$ 774 por hectareA instabilidade dos preços no mercado e as oscilações no clima preocupam os produtores de milho. A estratégia de cautela adotada por muitos deve influenciar na área a ser plantada na segunda safra.

O produtor rural Ronei Barbosa Freitas plantou na última safrinha 100 hectares de milho na fazenda próxima à cidade de Miguelópolis, no interior paulista. O custo de produção ficou em R$ 20 por saca. O valor de venda não passou de R$ 17 reais e o produtor teve um prejuízo de R$ 40 mil.

– Eu não sei se devo plantar milho, se eu planto sorgo ou não planto nada, depende de preço. Porque se todo o ano continuar desse jeito, fica difícil você plantar. Você já tem o risco da chuva, que às vezes não chove e depois você tem os preços que ficam lá em cima, tudo muito caro. O preço do milho dificulta também, a diferença de firma para BM&F e para a gente – reclama o produtor.

Segundo um levantamento da Céleres Consultoria, a rentabilidade dos produtores de milho deve ser de R$ 16 por hectare nesta próxima safra 2014/2015. Já para lavouras com alta tecnologia, esse cálculo sobe para R$ R$ 774 por hectare de margem bruta operacional. Números que comprovam a importância dos investimentos para garantir a produtividade das lavouras, que possibilita a competitividade no campo.

Amauri Bataglini apostou em variedades precoces para reduzir os custos na produção.

– Eu sempre debati com os vendedores, com o pessoal sobre precocidade de milho e realmente a resposta é muito boa, porque da mesma forma que o ciclo da soja pode ser mais curto, no milho também. A partir do momento em que você está na segunda safra, a janela de água é menor, e foi onde eu tive a opção de precocidade. Vem dando certo, temos muitas variedades que se destacaram esse ano e realmente tem que ser precoce – relata o produtor.

Para os próximos meses, a tendência é de preços baixos em função da safra positiva da América do Sul. Mesmo com o aumento das exportações do grão nas últimas semanas, por conta da valorização do dólar, os estoques brasileiros devem permanecer 46% acima do observado em 2013 e 2014.

– Em 2013, o Brasil, favorecido por condições de mercado, exportou praticamente 27 milhões de toneladas. Em 2014, ao contrário das expectativas do começo do ano que apontavam para bons volumes exportados, aconteceu que o volume exportado se tudo ocorrer bem será de sete, talvez oito milhões de toneladas a menos do que foi em 2013, ou seja, sobra mais milho ainda no mercado interno, pressionando as cotações principalmente nas regiões de produção – aponta o diretor da Céleres Consultoria, Anderson Galvão.

Com a instabilidade dos preços no mercado e a expectativa de safra cheia, o produtor não deve apostar na estocagem do grão, esperando aumento nos preços. O cenário mostra que o produtor deve comercializar parte da produção agora.

– O cenário geral pouco recomenda que esse agricultor segure, a não ser que ele tenha um apetite para um risco de especulação com clima muito grande. Em condições normais, eu não acho que é uma estratégia muito apropriada para esse momento – indica Galvão.