Na semana passada, o governo federal começou a anunciar um pacote de quatro medidas fiscais que elevam a tributação e encarecem o custo do crédito, com o objetivo de elevar a arrecadação tributária do país. Dentre as ações, está a volta da cobrança da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e o aumento de PIS/Confins sobre a gasolina e o diesel. A alta nos impostos para o litro da gasolina será de R$ 0,22 e para o diesel de R$ 0,15 a partir do dia 1º de fevereiro.
O diesel é o principal combustível utilizado pela agricultura, desde o transporte com calcário e fertilizantes, custo de produção dos produtores, até o transporte dos grãos. De acordo com a elevação esperada de R$ 0,15 sobre o preço do diesel nas bombas do Estado a partir de fevereiro, o valor do frete em Mato Grosso poderá ser reajustado em 2,7%, considerando-se os preços atuais do diesel. Conforme o Imea, no transporte de fertilizantes e calcário o impacto no valor total a ser gasto poderá resultar em R$ 36,16 milhões.
Com a elevação no preço do diesel, o custo total de produção da soja pode aumentar 0,25%, correspondendo a uma elevação dos gastos dos produtores de R$ 51,10 milhões. Para o milho, a elevação pode chegar a 0,18%, com impacto de R$ 9,48 milhões. Isto representa na produção destes grãos um total de R$ 60,58 milhões, que os produtores poderão desembolsar neste novo cenário.
Após a colheita, é feito o escoamento da safra por meio do transporte rodoviário até os portos, e nesta fase o custo com o frete poderá ser 2,7% maior, assim como no custo inicial com os insumos. Isto pode gerar um impacto em torno de R$ 177 milhões sobre os custos com o transporte, com reflexo sobre os produtores.
Levando em consideração os três impactos, antes da produção, na produção e no escoamento dos grãos, o impacto total do acréscimo no valor do diesel pode atingir R$ 273,75 milhões. O maior impacto é observado no custo com o transporte dos grãos, representando 65% do total e, em contrapartida, o menor impacto aparece nos custos com transporte de fertilizantes e calcário, representando 13% do custo total.
O Imea conclui a pesquisa afirmando que com a grande importância do diesel nas operações agrícolas, o acréscimo de R$ 0,15 sobre o preço pode gerar um grande impacto sobre a cadeia de soja e milho em Mato Grosso. Como o produtor está no centro da cadeia, grande parte destes custos devem ser pagos pelos produtores, pois os gastos com as operações agrícolas devem se elevar, assim como o custo com o transporte rodoviário de fertilizantes e corretivos e dos grãos, sobre o setor.