Setor bovino quer retomar uso de avermectina

Entidades se reuniram com o futuro secretário de Agropecuária do Ministério da Agricultura, em Brasília (DF), para apresentar plano de mitigação de riscosO setor da carne bovina apresentou nesta quinta, dia 5, ao futuro secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Décio Coutinho, um plano para retomar o uso da avermectina de longa ação. Em maio passado, o Mapa publicou uma instrução normativa, que proibiu a fabricação, manipulação, fracionamento, comercialização e importação do produto.

Depois da reunião, a expectativa do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Ricardo Pinto, é que o uso da avermectina de longa ação, medicamento para combater carrapatos em bovinos, volte a ser autorizado no Brasil.

O plano de mitigação de riscos, apresentado na reunião, quer evitar o mau uso da substância. O projeto, feito por organizações do setor privado, entre elas o Sindan, vai ser analisado pela equipe do futuro secretário de Defesa Agropecuária. A expectativa é que na próxima terça, dia 10, seja marcado um novo encontro para voltar a discutir o assunto.

– Nós temos, primeiro, que fazer uma campanha de sensibilização ao pecuarista para a correta utilização do produto, com correto período de retirada dele. Iniciamos uma campanha a respeito dos perigos da pirataria, de produtos piratas que acontecem de uma maneira bastante incisiva pela compra de internet – orienta Pinto.

O presidente esclareceu que a chance do produto ser liberado neste ano aumentou, porque a entidade internacional Codex Alimentarius, definiu, no fim de 2014, o limite de 650 partes de avermectina por bilhão no músculo bovino. A taxa é muito superior ao que era autorizado pelos Estados Unidos: 10 partes por bilhão. 

Segundo Pinto, depois disso os norte-americanos já têm demonstrado uma flexibilização com os resíduos do produto. Prova disso é que há cerca de seis meses não há registros de violação das normas de exportação, mesmo com muitos pecuaristas ainda utilizando a avermectina de longa ação.

– Não tem nada definido, mas eu acredito que com todas essas evidências e esse plano de mitigação, que é bastante funcional, bastante pragmático, com esforço de todos, eu acho que nós podemos ter de volta o produto, sim – afirma ele.

A revisão do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa) também foi tratada no encontro. O documento está sendo atualizado, com base em sugestões dadas pelo setor privado.

– A ministra Kátia democratizou o documento, que estava na Casa Civil. Permitiu que todas as entidades fizessem sugestões. A Abiec fez suas sugestões, coletadas com seus associados em tempo hábil, e agora nós estamos aguardando o próximo passo da definição da ministra, na sequência da discussão do tema – disse Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, aguarda a nova versão do texto:

– Nós fomos informados de que todas as contribuições que nós demos, sugestões para o regulamento, foram dadas, e que agora a equipe técnica do ministério, através do Dipoa, está analisando essas contribuições. Em breve o ministério vai disponibilizar o texto final para nós novamente.