O avanço também foi impulsionado pela apreensão dos investidores com o futuro da Petrobras e com as mudanças na diretoria do Banco Central brasileiro. Na avaliação de alguns analistas, a nova diretoria do BC sinaliza uma política monetária menos austera no futuro.
A moeda norte-americana avançou 1,34%, a R$ 2,7782 na venda, após atingir R$ 2,7852 na máxima da sessão. A cotação de fechamento é a maior desde nove de dezembro de 2004 (R$ 2,781). Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões.
A criação de empregos nos EUA acelerou de forma sólida e superou as expectativas do mercado no mês passado, enquanto a renda média mostrou forte recuperação. O resultado jogou um balde de água fria sobre as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, poderia elevar os juros mais tarde do que o esperado.
– O mercado vinha trabalhando com alguma possibilidade de o Fed postergar o início do aperto monetário para a segunda metade do ano. Hoje, veio um dado extremamente bom, então o mercado está caminhando na direção contrária – disse o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.
Juros mais altos tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Esse movimento pode se intensificar se a nova composição do BC brasileiro realmente se traduzir em menos altas da Selic, como alguns investidores temem.
O BC anunciou na véspera que Luiz Awazu substituirá Carlos Hamilton Araújo, de perfil mais austero, na diretoria de Política Econômica, que naturalmente tem forte influência sobre a condução da política monetária. Awazu acumulava as diretorias de Assuntos Internacionais e de Regulação.
– A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida, mais tolerante – disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O BC também indicou Tony Volpon, atualmente no banco Nomura, para a diretoria de Assuntos Internacionais. O nome não convenceu os mercados financeiros, que entendem que as últimas projeções sobre a inflação publicadas por ele são “otimistas demais”.
A pressão sobre o câmbio foi corroborada pela indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, envolvida em esquema bilionário de corrupção. A indicação do executivo, que atualmente preside o Banco do Brasil, aumentou ainda mais a desconfiança dos investidores sobre o rumo que será dado à estatal.
– Não vejo um choque de gestão com essa nomeação – disse o estrategista de uma corretora nacional.
Nesta manhã, o BC deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de até dois mil swaps, que equivalem à venda futura de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em dois de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30% do lote total.
Bovespa
A decisão de nomear para a presidência-executiva da Petrobras Aldemir Bendine frustrou investidores que esperavam um nome mais independente no comando da estatal, derrubando as ações da petroleira e arrastando para baixo a bolsa brasileira nesta sexta.
As ações preferenciais da estatal perderam 6,94% e as ordinárias caíram 6,52%, pressionando o Ibovespa, que fechou em queda de 0,9%, a 48.792 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a perder 2%. O giro financeiro do pregão foi de R$ 7,3 bilhões.
O Ibovespa acumulou alta de 4,02% na semana, no melhor desempenho semanal desde novembro.