A Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) aposta em uma safra de 92 milhões de toneladas. Já a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) acredita que o clima seco causou menos prejuízo do que o esperado para a safra 2014/2015 do grão. Na última projeção da entidade, a expectativa era de 91,9 milhões de toneladas, mas os números foram revisados para cima: 92,3 milhões de toneladas.
– A gente percebeu que as perdas foram menores que as inicialmente projetadas, então isso levou a um cálculo variando pra cima da safra – explica o gerente de Economia da Associação das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral
Entre os Estados que tiveram desempenho abaixo do esperado estão Minas Gerais, Bahia e Piauí, onde o tempo seco prejudicou as lavouras. Já os Estados do Sul e também Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tiveram as estimativas aumentadas pela consultoria Safras & Mercado.
– Na estimativa anterior, a gente tinha um número maior ainda, a gente foi uma das primeiras consultorias a soltar um número esse ano. A gente estimou uma safra com 95, depois passou para 95,9, agora a nossa estimativa recuou um pouco, a gente voltou para 95, quase um milhão de toneladas a menos. Na verdade a gente está fazendo os ajustes que todo mundo está fazendo – justifica Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista de mercado da Safras.
Conforme Roque, a falta de chuvas no norte do país já era esperada. Mas, no centro do país, Goiás e Minas Gerais estão surpreendendo.
– Porque a gente não esperava que tivesse tantos problemas por causa da estiagem. Mas na contramão disso, em Mato Grosso a gente não vê isso ainda, a gente não está vendo uma safra completamente cheia. Mas é uma safra muito razoável, muito boa, maior que do ano passado certamente – reitera o analista da Safras.
A FCStone, outra consultoria, atualizou sua estimativa no início de fevereiro e aponta safra de 92,8 milhões de toneladas. A anterior era de 93,5 milhões de toneladas. A redução acontece por causa da seca, principalmente em Goiás e, em menor intensidade, em Mato Grosso.
Já a Agroconsult trabalha com a expectativa de colheita de 93,9 milhões de toneladas de soja em todo o Brasil nesta safra. Técnicos da empresa voltaram de uma jornada de três semanas por lavouras do Sul e Centro-Oeste e devem manter a estimativa.
Um dos destaques positivos da safra 2014/2015 foi a produção do Rio Grande do Sul, que bateu recorde histórico e deve chegar a 15 milhões de toneladas. Diferentemente do Sudeste e do Centro-Oeste, o clima ajudou na produção de grãos.
– A gente está falando da maior produtividade da história do Estado em rendimento médio da lavoura, a maior produção e a maior área. A gente está falando de uma supersafra gaúcha, a maior safra que a gente vai colher na história e ano que vem. A expectativa é de se plantar uma área maior ainda e se tudo der certo, a gente vai colher uma safra ainda maior – afirma Roque.
Em relação aos preços, a expectativa é de que as cotações de óleo, farelo e grão caiam no mercado internacional. Mas a valorização do dólar frente ao real pode ajudar a aumentar a lucratividade dos produtores, principalmente no grão e no farelo.
– As cotações internacionais ainda estão num patamar remunerador, especialmente para o produtor, em torno de US$ 10, US$11 por bushel. Somado a isso, você tem o real num câmbio mais depreciado. Então, a renda recebida em reais ainda é bastante favorável. Numa situação que nós estamos hoje vivenciando, a gente espera que esse câmbio continue favorecendo o produtor rural com a indústria também – aposta Furlan.
A notícia também é boa em relação ao desempenho das próximas temporadas. De acordo com os especialistas, a perspectiva é de que a área de soja seja aumentada nos próximos anos, o que deve gerar novas safras recordes.
– A gente deu um salto muito bom nessa safra em relação à safra passada, que foi de 86 milhões de toneladas, e isso só tende a crescer. A gente está expandindo área, tem bastante área para expandir ainda, principalmente no norte do país. Então, a gente é para ter uma área recorde no ano que vem de novo, uma produção recorde ano que vem de novo e isso deve ser contínuo nos próximos anos. A gente tem um cenário muito promissor para o agricultor brasileiro, tanto na soja como no milho e em outras culturas, porque a gente tem área, a gente tem a tecnologia. Está cada vez melhor a tecnologia brasileira e a gente tem uma terra boa, então a gente está conseguindo colher e vai colher cada vez mais – garante Roque.