Nesta segunda, dia 23, a produtora brasileira de cigarros disse que sua sócia majoritária está estudando fazer uma oferta pública para aquisição de até a totalidade das ações em circulação da companhia, visando tirar a empresa da bolsa, e que pretende completar em até 30 dias todas as análises relacionadas à procedência ou não da oferta.
A BAT disse que o eventual preço a ser pago por ação da Souza Cruz será de R$ 26,75, o que representa um prêmio de 13,1% sobre o valor de fechamento do papel da empresa brasileira na Bovespa na última sexta, dia 20.
Além disso, segundo a companhia britânica, o valor ora apresentado significa um acréscimo de 30% sobre a média ponderada do preço de fechamento da ação da Souza Cruz nos três meses encerrados em 20 de fevereiro.
Em caso de a oferta ser concretizada e havendo adesão total dos minoritários, a British American Tobacco teria que gastar R$ 10,1 bilhões para adquirir as quase 380 milhões de ações da Souza Cruz que ainda não detém.
A BAT está negociando uma linha de crédito com uma instituição britânica para financiar a operação, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto, sob a condição de anonimato.
Segundo a fonte, a BAT considerou fechar o capital da Souza Cruz quase cinco anos atrás, mas o plano foi suspenso porque o real estava muito valorizado na época, disse uma fonte com conhecimento sobre o assunto, ouvida pela agência Reuters.
Ações reagem
Os papéis da Souza Cruz abriram em forte alta na Bovespa e chegaram a subir quase 12% na máxima, se aproximando do valor da possível oferta a ser feita pela BAT. Perto do fechamento, às 16h51, os papéis da empresa brasileira tiveram ganho de 7,19%, cotados a R$ 25,35, enquanto o Ibovespa caía 0,16%.
– Não era esperado, mas não surpreende dado que a BAT já tinha fechado capital de outras empresas em outros países nos últimos anos. A Souza Cruz deve ter sido das últimas que ainda restavam com capital aberto no grupo – afirma o gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management.
– A empresa não tinha nenhuma grande necessidade de acessar o mercado de capitais e pode se financiar através da BAT mesmo. Então concentrar a listagem apenas na controladora faz todo o sentido para eles no exterior – completa.
A Souza Cruz é uma das empresas listadas na bolsa com histórico de sólido retorno sobre dividendos, forte poder de precificação, elevados retornos e dominante participação de mercado.
O gestor e sócio na Principia Capital Management Marcello Paixão avaliou que o preço ofertado parece barato em relação ao histórico de Souza Cruz.
– Se confirmada a oferta, o mercado perde uma empresa extremamente rentável e com elevada governança – diz.