No ano passado, o Estado teve sua melhor colheita, apesar de alguns problemas climáticos, após os produtores terem semeado uma das maiores áreas da história.
O Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná, previu a área plantada em 1,37 milhão de hectares, recuo de 2% ante 2014, de acordo com a primeira intenção de plantio levantada junto aos produtores.
– Se a projeção for confirmada, teremos potencial de superar os 3,8 milhões de toneladas de 2014 e chegarmos a um recorde de 4,1 milhões (de toneladas) -– afirmou o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho, especialista em trigo do departamento.
Na temporada passada, a produtividade das lavouras paranaenses ficou abaixo do potencial, que era de mais de 4 milhões de toneladas.
O plantio de trigo no Paraná ainda não começou em 2015, mas o agrônomo do Deral acredita que um aumento na área no norte poderá evitar uma queda maior na semeadura, considerando que outras regiões devem apresentar um leve recuo ou estabilidade.
– Esse recuo só não é maior devido ao atraso no plantio e colheita da soja no norte do Paraná, que deve dificultar a implantação da segunda safra de milho e fazer com que o produtor plante mais trigo para manter-se no zoneamento ideal de cada cultura – afirmou Godinho, em nota.
Ele disse ainda que, normalmente, o Paraná registra áreas maiores de trigo do que apontam os primeiros levantamentos, pois muitos produtores acabam semeando, após dizerem inicialmente que não têm intenção de investir na cultura.
Mercado
A situação de mercado do trigo não é favorável, mas em algumas áreas não há alternativas, comentou Godinho.
Nos últimos 12 meses, o preço recebido pela saca de trigo declinou 26% no Paraná, atingindo em fevereiro deste ano R$ 30,66 por saca. Esse valor está abaixo dos R$ 33,45 por saca estabelecido pelo governo para o preço mínimo no Estado.
No entanto, há alguns fatores que podem incentivar o plantio, como uma oferta menor após o Rio Grande do Sul ter tido uma quebra de safra em 2014. Além disso, o câmbio não está favorecendo importações.
– A alta do dólar pode de certa forma ajudar. O moinho vai ficar com o preço muito alto para comprar de fora, pode ser que o produtor tenha essa visão (para plantar trigo) – afirmou Godinho.
O Brasil costuma importar cerca de 50 % de suas necessidades, e uma safra maior do Paraná pode trazer algum alívio para as importações brasileiras.
Uma produção de cerca de 4 milhões de toneladas, conforme apontou o Deral, representa cerca de um terço do consumo anual de trigo do Brasil.