A decisão foi tomada nesta segunda, dia 25, durante uma reunião entre líderes ruralistas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás junto com representantes do Fórum Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Nos três Estados, a dívida dos frigoríficos com os produtores chega a aproximadamente R$ 354 milhões.
O setor também anunciou que vai suspender as relações comerciais com frigoríficos que estejam em processo de recuperação judicial e que tenham dívidas com os produtores. Além disso, os pecuaristas querem fazer frente junto ao Senado para alterar a lei de recuperação judicial, medida que tornaria o andamento destes processos mais rápido.
Outro pedido é a criação de um fundo garantidor que seja mantido pelas indústrias e que possa ser utilizado para pagar os pecuaristas em caso de crises financeiras dos frigoríficos. Para o presidente da Associação dos Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carnes de Mato Grosso do Sul (Assocarnes-MS), João Alberto Dias, as medidas revelam a sensação de insegurança que toma conta dos produtores rurais.
? Os pecuaristas querem ter mais segurança nas relações comerciais, mas, na minha opinião, quanto mais empresas tiverem em atividade maior será esta segurança ? disse Dias.
Já para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro, a restrição nas vendas de gado para algumas empresas mostrará um amadurecimento dos produtores rurais, que vão passar a gerir o negócio com menos risco. O desafio, segundo ele, é colocar esta decisão em prática.
? O sindicato defende a livre comercialização por parte dos produtores, mas é preciso ter mais consciência dos negócios que estão sendo feitos a fim de reduzir os riscos ? defendeu Monteiro.
Ainda segundo José Lemos Monteiro, além de minimizar os riscos de calote para os pecuaristas, a mudança no modelo de comercialização também poderá ser lucrativa para as indústrias.
? Vendendo à vista, as indústrias pagarão com descontos, e isto será altamente lucrativo no fim do mês ? acrescentou o presidente do sindicato.