Dessa forma, houve crescimento de 77% na dívida da cadeia produtiva de açúcar e álcool em apenas três anos.
Em relatório, o diretor da Archer, Arnaldo Luiz Corrêa, diz que a disparada do endividamento deveu-se, em grande parte, à perda de competitividade do etanol ante a gasolina nos últimos anos. Isso porque, segundo ele, o combustível fóssil foi subsidiado, dada a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que voltou a ser cobrada apenas neste ano. Outro fator que afeta a situação financeira das usinas é a expressiva valorização do dólar ante o real, já que parte da dívida das empresas é em moeda estrangeira.
– O cálculo não inclui os milhares de empregos diretos e indiretos que deixaram de ser criados pela falta de planejamento e ausência de transparência na formação de preços dos combustíveis. Há cinco anos, por exemplo, estimando que o etanol se manteria como principal combustível a alimentar a crescente frota de veículos, prevíamos que o Centro-Sul iria moer em 2015/2016 mais de 700 milhões de toneladas de cana, assumindo que os investimentos ocorreriam e que novas usinas seriam construídas – conclui Corrêa.
A expectativa de processamento para a temporada, que se inicia oficialmente em duas semanas, é bem diferente, no entanto. Conforme a própria Archer, as unidades produtoras da região devem moer 573,69 milhões de toneladas de cana, praticamente estável ante 2014/2015. Com o mix de produção pendendo em 57% para etanol, a consultoria estima fabricação 1% maior do biocombustível, com 26,26 bilhões de litros. A de açúcar deve variar pouco, permanecendo em torno de 32 milhões de toneladas.