A nova unidade recebeu investimentos de R$ 470 mil em parceria com a Bayer e será complementar à já existente, em Piracicaba (SP), mantida pelo Fundecitrus e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Querioz (Esalq/USP).
O gerente de pesquisa e desenvolvimento do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, disse que as vespas de Tamarixia radiada atacam as ninfas do inseto transmissor do greening e serão soltas em regiões onde não há o controle efetivo da principal praga da citricultura por meio do manejo tradicional.
– Dos cerca de 450 mil hectares com citrus no parque comercial, de 10 mil a 15 mil hectares são de pomares abandonados, de áreas isoladas ou de chácaras. São essas regiões que receberão as vespinhas – informou Ayres.
O laboratório tem capacidade de produzir um milhão de vespas da Tamarixia radiata por ano e deve ampliar de dois mil para cinco mil hectares a área capaz de ser atingida pelo controle biológico do greening feito pelo Fundecitrus. Para ampliar a área, segundo Ayres, há planos para a construção de um novo laboratório. O Fundecitrus disponibiliza ainda um protocolo e um vídeo para que grandes produtores e companhias construam suas próprias biofábricas.
– Os resultados são promissores, pois os estudos apontam que a população da Diaphorina citri cai até 85% em áreas com a presença da vespa – disse.
Ayres ressalta que a Tamarixia radiata é complementar ao controle tradicional para o combate ao greening, que inclui uma rede de monitoramento em cinco regiões do parque citrícola criada em parceria com citricultores. Essa rede monitora, com quase 20 mil armadilhas, a população da Diaphorina citri, principalmente nas regiões de borda dos pomares e cria alertas para a pulverização química para combater o inseto transmissor.
Nessas regiões monitoradas, o controle biológico não é feito porque os defensivos químicos utilizados no combate à Diaphorina citri matariam também a Tamarixia radiata.
– Pretendemos ampliar a zona de alerta de cinco para oito áreas, pois não podemos ficar só na pesquisa de longo prazo; precisamos solução de curto prazo para combater o greening – disse o diretor do Fundecitrus.
Causado pela Candidatus liberibacter, o greening é a principal doença da citricultura, por não ter cura nem variedades resistentes de citrus. Foi detectada no Brasil em 2004. Além do controle do inseto transmissor, as ações de manejo indicadas são a erradicação das plantas doentes e as vistorias periódicas nos pomares para a detecção de plantas sintomáticas.
Segundo Ayres, as ações de combate à praga no Brasil restringiram a 15% o total de plantas com sintomas do greening no parque comercial, enquanto que na Flórida, segunda maior região produtora de laranja no mundo, essa fatia chega a 80%.
– Isso mostra que o Brasil é o maior exemplo mundial de combate ao greening – concluiu Ayres.