O diretor do Escritório Nacional de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês), Paul-Louis Arslanian, disse em entrevista coletiva que as caixas-pretas de um avião “não são a única ferramenta” usada para determinar as causas de um acidente e que, “às vezes, não contribuem com nada”.
? Não sou muito otimista ? quanto às chances de as caixas-pretas serem encontradas, acrescentou. Para o especialista, a profundidade do mar na região e o acidentado relevo marinho vão dificultar a localização dos dispositivos.
Arslanian disse ainda que, “pelo menos por enquanto, a investigação será muito difícil”. Mas destacou que, durante 40 dias, as caixas-pretas emitem sinais detectáveis a uma distância de até um quilômetro, o que pode ajudar as autoridades a encontrá-las.
Para isso, no entanto, será preciso restringir de forma muito precisa a área de busca, explicou.
Arslanian também afirmou que a investigação “apenas começou”, motivo pelo qual ninguém pode falar das causas desta “catástrofe”, “a pior” na história da aviação francesa.
Durante a entrevista, o diretor do BEA se recusou a comentar as hipóteses sugeridas pelos jornalistas. Mas declarou que, “por enquanto, nenhum elemento faz pensar que o avião tinha algum problema” quando decolou do Rio de Janeiro.
Arslanian também disse que o último contato dos pilotos com o controle aéreo brasileiro aconteceu cerca de “meia hora” antes do sumiço da aeronave. Foram três minutos de comunicação, durante os quais a tripulação informou que o Airbus entrava numa zona de “turbulências”.
Neste contato, não houve nenhum comentário específico sobre a natureza das turbulências ou sobre a existência de raios, estes últimos apontados pela Air France como possível causa do acidente.
? Era uma situação tormentosa e sobre isso não há dúvidas ? declarou Arslanian, que fez menção aos mapas meteorológicos e aos relatos de pilotos de outros aviões que, no mesmo dia, fizeram rotas pela mesma região do Atlântico.
O BEA pretende publicar um primeiro relatório sobre o ocorrido no fim do mês. Arslanian disse que o trabalho do órgão será feito de forma “independente” e que na segunda-feira dois especialistas já tinham sido enviados ao Brasil.
Perguntado sobre a colaboração com os investigadores brasileiros, o diretor do BEA respondeu:
? Todos somos solidários e cada um faz o melhor que pode.