Animais e plantas utilizados em pesquisas pela Embrapa podem morrer devido à greve

Pedido de reajuste nos salários é de 15%As pesquisas agropecuárias estão em risco. Os trabalhadores da Embrapa que estão em greve há três dias decidiram radicalizar o movimento. De acordo com o sindicato da categoria, os animais e plantas utilizados nas análises podem morrer

Os funcionários e a direção da Embrapa têm números divergentes sobre a greve. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores, a paralisação alcança 80% dos empregados. Já para a direção da empresa, apenas 35% cruzaram os braços. Ainda segundo a empresa, das 39 unidades existentes no país, sete estariam funcionando normalmente e, para o sindicato, apenas quatro não deixaram de trabalhar.

Nesta quinta, dia 4, em uma manifestação em frente à sede da Empresa em Brasília, 400 pessoas vestiram a camisa em defesa de melhores salários. O pedido é de um reajuste de 15%. Os funcionários também não concordam com a redução no valor do adicional de insalubridade. Antes, o benefício era concedido sobre o valor do salário base, agora é calculado sobre o salário-mínimo.

? A Embrapa está atendendo simplesmente a determinação da legislação do Supremo Tribunal Federal. Teve uma decisão jurisprudencial de que o adicional de insalubridade seria pago com base no salário-mínimo. Mais tarde, veio em relação ao salário contratual e, logo depois, por uma reclamação da Confederação Nacional da Indústria. O STF deu também essa liminar tornando sem efeito essa decisão, que passa novamente para o pagamento de acordo com o salário-mínimo ? disse presidente da Comissão de Negociação da Embrapa, César Prata.

Os grevistas decidiram radicalizar o movimento, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa, Valter Endres, até mesmo os serviços essenciais para a manutenção dos estudos vão ser suspensos e, com isso, animais e plantas poderão morrer.

? Essa é uma tendência normal. Quando o trabalhador se vê afrontado, ele também radicaliza e essas situações que são culturalmente realizadas pelos trabalhadores da Embrapa evitando perda de plantas ou animais poderá ocorrer ? afirmou Endres.

? É claro que o sindicato deve estar falando isso, mas tem também a consciência de que o trabalho de cinco, dois, 10 anos não pode perder, ser prejudicado por uma atitude dessa ? defendeu Prata.

O presidente do sindicato também faz acusações contra as chefias das unidades da empresa. Segundo Endres, pesquisas estariam tendo o resultado manipulado e quem denuncia essas irregularidades sofreriam retaliações.

? Normalmente temos aí processo de retaliação contra as pessoas, os pesquisadores ou os empregados que demonstram que está havendo fraude de gestão, fraude na pesquisa científica. Isto é presente e as chefias das unidades dominam. Quando ele entra com denúncia pedindo uma retificação da idoneidade do processo de pesquisa, a empresa faz retaliar contra o trabalhador. Há caso das pessoas serem transferidas para outras unidades ? acrescentou Endres.

A direção da Embrapa nega as acusações.

? Todo o projeto de gestão da programação da empresa através do Dep de pesquisa em Desenvolvimento acompanha o projeto in loco. Com isso, a gente tenta garantir a execução do projeto sendo dessa forma acho difícil que tenha interferência de fora disso aí porque são processos muito bem determinados ? disse o chefe do Departamento de Pesquisa da Embrapa, Carlos Lazarini.

? Eu fico estarrecido com essa notícia. Estou há 30 anos na Embrapa e nunca vi um desligamento, uma transferência por esse motivo. O rigor da Embrapa em relação às suas pesquisas é evidente e conhecido em toda a sociedade ? completou Prata.

No fim da manhã, o presidente da empresa, Silvio Crestana, pediu aos trabalhadores o fim da greve. Porém, o sindicato vai manter a paralisação. Uma nova reunião foi marcada para a próxima terça, dia 9.