Além do volume de recursos e das taxas de juros ainda indefinidos, outra preocupação do setor é a redução da fatia do bem financiado pelo crédito agrícola, hoje em 90% e 100%.
– Pode vir plano safra que não contemple o volume do bem a ser financiado – afirmou o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturro.
Segundo ele, a incerteza em relação ao próximo plano safra, válido a partir de 1º de julho, deve ajudar os negócios na Agrishow, ainda sob as regras do Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015.
– Ainda há R$ 1,7 bilhão de recursos da primeira tranche e R$ 1,8 bilhão da segunda, com juros atrativos e possibilidade de financiar até 100% do bem. Por isso, o conselho é comprar agora – completou.
Já o presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fabio Meirelles, mostrou temor em relação aos juros e cobrou do governo uma linha “mais ajustada” de financiamento ao setor.
– Há grande dificuldade em declarar a nova taxa de juros agrícolas. Isso nos preocupa, pois estamos defendendo uma linha mais ajustada e o Moderfrota é muito importante – disse.
– O governo precisa estar atento ao tomar qualquer medida que possa prejudicar o setor que gera renda e ajuda a segurar a inflação – concluiu.
Mais Alimentos
Além da presença do vice-presidente da República, Michel Temer, e da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, o governo federal vai enviar representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) à Agrishow, para tratar de agricultura familiar, especialmente do programa Mais Alimentos, uma linha subsidiada de crédito para fomentar investimentos nas propriedades rurais mediante a aquisição de máquinas e de novos equipamentos.
– Esse relacionamento do MDA com os participantes da feira é muito importante, pois o Mais Alimentos possui como premissa a oferta de produtos para a agricultura familiar a um preço abaixo do mercado, com menor taxa de juros, prazo diferenciado e parceria com a indústria fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, para fornecer tecnologia adequada à agricultura familiar com condições de entrega e garantias diferenciadas – afirma, em nota, o coordenador do Mais Alimentos, Lucas Ramalho.
O programa fornece crédito a juros de 2% ao ano, até três anos de carência e até dez anos para pagar. São financiados projetos individuais de até R$ 300 mil, havendo um limite de R$ 150 mil por ano safra, e coletivos de até R$ 750 mil. Concessão de crédito no valor de até R$ 10 mil tem juros ainda menores, 1% ao ano.
Segundo Ramalho, 10% dos tratores adquiridos no Brasil foram financiados pelo Mais Alimentos, que só tem oito anos de vida.