É possível encontrar produtores de Piauí que vieram à Ribeirão Preto conhecer as novidades do setor de máquinas. Entre eles, o produtor de soja, Fernando Augusto, que procura uma colhedeira para substituir a máquina da lavoura que já tem dez anos.
Celso Guelfi é produtor de grãos e ao encontrar o que queria, fechou contrato de compra durante a Feira. Ele levou uma colheitadeira e uma automotriz. O gasto foi de R$ 2,3 milhões com as duas máquinas para colher soja e milho, em Tocantins, onde mora. Segundo ele, não há crise econômica.
Mesmo com os juros mais altos, a tática das empresas especializadas em máquinas agrícolas é aliar tecnologia e redução de custos para o produtor rural. Um dos equipamentos é uma colhedora de cana que promete reduzir em até 8% o gasto com combustível.
O óleo diesel representa até 40% dos gastos na soja. A empresa americana John Deere, que tem 5 fábricas e 270 pontos de venda no Brasil, aposta em inovação. Eles trouxeram até a Agrishow 11 lançamentos para atender o mercado e estão investindo na cultura da cana-de-açúcar. Até o momento, estão otimistas em relação as vendas em 2015.
Outra empresa especializada em colheitadeiras e tratores, aposta na ampliação da capacidade de colheita e otimização do espaço, além da redução de custo. A proposta é vender máquinas 15% mais eficientes em relação à linha anterior. Em uma demonstração feita para produtores, a novidade é a máquina que colhe café e é capaz de reduzir a perda do grão de 22% para 5%.
A expectativa das empresas em fazer bons negócios na Feira fica por conta dos recordes de produção da safra de grãos brasileira, que vem crescendo desde 2010. Nesta safra, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que sejam produzidas 200 milhões de toneladas de grãos.
Crise hídrica
Preocupados com a falta de recursos hídricos, muitos produtores buscam reduzir o consumo de água nas lavouras. A procura por tecnologias pelos produtores cresce a cada dia.
Carlos Frederico Meira é produtor rural e possui 120 hectares de cana irrigados. Para este ano, o produtor deseja duplicar a área. Segundo ele, a técnica aumenta em 50% a produtividade por hectare e também a longevidade dos canaviais.
O custo de produção da tonelada de cana chega a ser 20% mais barato na área irrigada do que na área de sequeiro. O produtor tem um custo de produção por hectare maior, por outro lado, ele dobra a produtividade.
A irrigação por gotejamento é 95% mais eficiente do que as técnicas tradicionais. Nas lavouras de cana-de-açúcar o custo de implantação varia entre R$5 mil e R$7 mil por hectare. A expectativa é de que após a terceira safra, o produtor recupere o valor investido.
– Esse método coloca a água direto nas raízes da planta. É uma irrigação inteligente que coloca a água e os nutrientes na raiz das plantas e gera uma economia de água que pode ser de 30% a 50% em comparação com outros métodos – relata o gerente agronômico Carlos Sanches.
A técnica também pode ser utilizada nas lavouras de café e na citricultura, com consumo médio diário de 3,5 milímetros de água por hectare.
Diante da crise hídrica que São Paulo vem enfrentando, a Secretaria de Agricultura do Estado aumentou os recursos para o programa de restauração das nascentes, como conta o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim.
– Em parceria com as prefeituras municipais, nós vamos identificar as nascentes, desassorear. Muitas estão abandonadas comprometendo a produção de água, além disso, queremos revegetar e proteger as nascentes. Dois municípios já foram contemplados: Holambra e Botucatu. A nossa ideia é que isso seja feito em outros municípios do estado.