A média do Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, foi de R$ 445,69/saca de 60 kg em abril, 0,32% inferior à de março. Com o retorno das chuvas e a melhora nas condições das lavouras, a expectativa do setor é que o volume de café colhido possa ser maior, o que pressionou as cotações.
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Com volume e preços menores, a receita total em dólar com o envio de cafés também foi menor em abril/2015 e a menor desde março/2014. Em abril deste ano, os exportadores receberam pelos envios totais de café US$ 500,22 milhões, montante 11,4% inferior ao de março/2015 e 7,44% abaixo do de abril. Já em reais, a receita total foi de R$ 1,52 bilhão em abril/2015, 26% superior a de abril/2014 (R$ 1,2 bilhão).
Os preços do conilon caíram com força em abril, após registrarem recorde em março. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 295,88/saca de 60 kg em abril, recuo de 2,56% em relação a março. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 284,28/sc, queda de 2,68% na mesma comparação – ambos a retirar no Espírito Santo.
As negociações para entrega futura também foram lentas em abril, totalizando cerca de 10 a 15% da nova safra. Um maior volume de negócios foi observado entre novembro/2014 e dezembro/2014, com entrega para maio/2015 e junho/2015. Quantos aos valores, para o robusta do tipo 7/8, variaram de R$ 280 a 305,00/sc de 60 kg. Em relação à colheita, as atividades se intensificaram em abril no Espírito Santo, sem problemas quanto à disponibilidade de mão de obra.
Embarques recuam em abril
As exportações brasileiras de café verde (arábica e robusta) recuaram em abril. No acumulado desta temporada 2014/2015 (de julho/14 a abril/15), contudo, tanto o volume quanto a receita ainda superam os registrados no mesmo período da safra anterior. Pesquisadores do Cepea indicam que o menor volume embarcado em abril pode estar atrelado, principalmente, à baixa disponibilidade de cafés de maior qualidade no mercado brasileiro.
O recuo na quantidade exportada em abril só não foi mais acentuado porque houve forte aumento nas vendas de robusta no período, caracterizando-se como as maiores desde outubro de 2002. O Vietnã, principal exportador mundial de robusta, vem reduzindo as vendas externas.
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O aumento nos embarques de robusta também é resultado da elevada oferta brasileira da variedade na safra 2014/2015. Com relação ao mercado de arábica e robusta, os preços internos seguem oscilando intensamente, mas no acumulado parcial deste mês, a variação é negativa para as duas variedades.
Já quanto ao acumulado desta temporada 2014/2015, a receita soma US$ 5,9 bilhões, 39,3% maior que a do mesmo período da anterior. Quanto aos embarques, no acumulado da safra, totalizam 30,7 milhões de sacas de café, 9,2% a mais que no mesmo período da safra passada.
De acordo com dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), 2,732 milhões de sacas de café verde (arábica e robusta) foram embarcadas em abril, 2,9% abaixo do volume de março/2015. A receita totalizou US$ 453,7 milhões, 11,2% inferior na mesma comparação.
Ainda segundo o Cecafé, o preço médio da saca de café verde embarcado em abril foi de US$ 166,04, valor 8,9% inferior ao de março/2015 e o menor desde março/2014. Segundo colaboradores do Cepea, os preços praticados no mês desestimularam o fechamento de contratos. Além disso, parte dos vendedores se retraiu, apostando em alta nos valores durante os próximos meses.
Produção brasileira deve chegar a 50,4 milhões de sacas
A safra brasileira de café 2015/2016, que está sendo colhida agora, deve ficar em 50,4 milhões de sacas de 60 quilos. É o que aponta a primeira estimativa da consultoria Safras & Mercado, realizada através de consulta entre agrônomos, cooperativas, produtores, exportadores, comerciantes, armazenadores e Secretarias de Agricultura.
A safra 2014/2015, antes indicada pela consultoria em 48,9 milhões de sacas, foi revisada para cima para 49,8 milhões de sacas. A produção total de arábica 2015/16 foi indicada em 36,1 milhões de sacas, com incremento de 7% contra 2014/15 (33,6 milhões de sacas). Já a safra 2015/16 de conillon foi colocada em 14,3 milhões de sacas, devendo ter queda de 12% na comparação com 2014/15 (16,2 milhões de sacas).
Segundo o analista de Safras & Mercado, Gil Barabach, responsável pela estimativa, a safra 2015/2016 teve um desenvolvimento problemático. Primeiro, por se tratar de um ciclo de baixa carga (bienalidade).
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Também houve o atraso nas floradas e sequelas do déficit hídrico do ano passado. Isso, por si só, já limita o potencial produtivo das lavouras. E os ânimos só foram se acalmar um pouco a partir das chuvas no final de 2014, que induziram boas floradas.
Mas, diz Barabach, faltava ainda o período de granação. E, para isso, era preciso chuvas em bom volume nos primeiros meses desse ano. E depois de um começo de ano titubeante, as chuvas vieram em bom volume, o que garantiu a granação e melhoraram as expectativas em torno da safra brasileira.