Com temperaturas abaixo dos 10°C, o desenvolvimento das plantações ocorre de maneira mais lenta. Conforme o chefe-geral da Embrapa Trigo em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Gilberto Cunha, termômetros em torno dos 15°C ajudariam as pastagens a crescerem mais rapidamente.
Muitas propriedades estão sofrendo com a redução na oferta de pasto em razão da seca que afeta o Estado desde o final de 2008. Alguns produtores ainda viram frustrada a plantação de milho, que seria destinada aos animais com a esilagem. Se reduz a alimentação, diminui também a produção de leite.
Somente nos 47 municípios atendidos pela Emater na região de Ijuí, a estimativa é de que 50 milhões de litros de leite deixaram de ser produzidos entre dezembro e junho devido à estiagem. Conforme o assistente técnico regional da Emater em Ijuí Pedro Urubatan, isso significa em torno de R$ 30 milhões a menos no bolso dos produtores.
? Frio intenso, geada e dias nublados contribuem para atrasar o crescimento das forrageiras. A aveia precisa estar com 30 centímetros para o gado poder pastar, o que deve levar ainda uns dois meses. Até lá, a produção de leite continua reduzida ? complementou o assistente técnico regional da Emater em Bagé Fábio Schlick.
Mas a previsão de um inverno com frio intenso e chuvas dentro da normalidade não significa problema para todos os produtores rurais. Quem planta trigo, canola e cevada tem nessas condições de clima uma colaboração para o controle natural de pragas e ervas daninhas. A geada só provoca prejuízo quando as lavouras estão em estágio avançado de desenvolvimento, entre o final de agosto e o mês de setembro.
? Atualmente, frio e geada são neutros para os grãos. A preocupação do trigo com a geada, por exemplo, é quando a planta está em fase de espigamento ou floração, o que ocorre a partir do final de agosto ? ressaltou Cunha.