No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2015, o PIB registrou queda de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2015 alcançou R$ 1,408 trilhão, sendo R$ 1,199 trilhão no Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 209,0 bilhões em Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
A agropecuária foi o único setor sob a ótica da produção com alta no primeiro trimestre deste ano na comparação com os últimos três meses de 2014, sob influência de uma safra relevante da soja, informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– A soja teve uma safra relevante no primeiro trimestre deste ano, com ganho de produtividade e uma boa expectativa para este ano – afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2015 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (20,3%). A taxa de poupança foi de 16,0% no primeiro trimestre de 2015 (ante 17,0% no mesmo período de 2014).
Comparação com o 1º tri de 2014
Se comparar o PIB do primeiro trimestre de 2015 com igual período de 2014, houve queda de 1,6%. Neste período, a agropecuária cresceu 4,0% em relação a igual período do ano anterior, principalmente pelo desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no 1º trimestre.Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), esse é o caso da soja (10,6%), do arroz (0,7%), da mandioca (5,1%) e do fumo (1,7%).
Por outro lado, o milho, cuja safra também é significativa no primeiro trimestre, apresentou variação negativa (-3,1%).
Repercussão
O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, avaliou que o resultado do PIB da agropecuária no primeiro trimestre do ano reflete a competência do setor.
– Mesmo em um novo ciclo de baixa dos preços das commodities, o setor consegue realização por competência – afirmou.
Na avaliação de Corrêa Carvalho, agora o agronegócio também será beneficiado pela produção de cana-de-açúcar. Segundo ele, que também é sócio-diretor da consultoria Canaplan, as condições climáticas mais favoráveis neste ano devem fazer com que a moagem pelas usinas do Centro-Sul do Brasil se aproxime das 580 milhões de toneladas, superando a de 570 milhões de toneladas do ciclo anterior.
Ainda de acordo com o presidente da Abag, o agronegócio tende a ser afetado pelo ajuste fiscal do governo, em razão do crédito mais escasso. Mesmo assim, não se espera um impacto tão negativo. Mesmo assim, ele acredita que a perspectiva é positiva para a agropecuária no restante de 2015.
Outra entidade que comentou o resultado do PIB agropecuário foi a Sociedade Rural Brasileira (SRB). Segundo o seu presidente, Gustavo Diniz Junqueira, os dados são positivos, mas o bom desempenho pode não se repetir ao longo dos próximos trimestres.
– Não podemos imaginar que vamos ficar imunes a esse ‘desastre’ macroeconômico brasileiro – afirmou o dirigente.
Junqueira avalia que a insegurança macroeconômica e a restrição de financiamentos ao produtor devem causar impacto nos resultados do PIB da próxima safra. O representante também prevê que a alta do dólar deve provocar impacto em custos dos insumos importados, como fertilizantes, nos próximos meses, influenciando negativamente a produção.
O presidente da SRB também defende que o setor agropecuário não é o “motor de crescimento da economia” e que os demais setores precisam ser incentivados pelo governo a se tornarem mais competitivos para a retomada do crescimento no País.
– Não há uma competição entre os setores, mas é preciso visão de longo prazo, caso contrário o PIB da agropecuária não irá sustentar uma máquina ineficiente do governo e nem salvar a pátria – afirma.