Mesmo com o anuncio do último boletim da safra de grãos 2014/2015 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o primeiro relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre a produção norte-americana, o mercado não deve oscilar muito, na visão do analista Vlamir Brandalizze e do consultor de grãos da INTL FCStone Glauco Monte.
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A justificativa é que os compradores já absorveram as principais notícias de cada cultura: clima favorável e produção volumosa. Na visão dos especialistas de mercado, apenas uma notícia de quebra de safra pode mudar essa tendência nas cotações.
Milho
No caso do milho, a perspectiva é de cenário ruim até o final do semestre. De acordo com Brandalizze, o relatório do USDA deve confirmar esse cenário. No caso do boletim da Conab, ele avalia que a projeção de estoques de passagem deve diminuir.
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O analista lembra que atualmente a principal demanda do cereal é interna, o que gera preços pouco favoráveis, em algumas regiões já estão abaixo do mínimo governamental. Os embarques para o exterior devem retomar com força entre agosto e setembro, período em que o analista recomenda que o produtor comece a vender.
– [O mercado] não deve sofrer alterações no curto prazo. As principais negociações do milho ainda estão no mercado interno. No segundo semestre teremos duplo comprador (demanda interna e externa), com preços melhores. O produtor deve vender o mínimo necessário até o final de julho – recomenda.
Brandalizze justifica que os preços na Bolsa de Chicago (CBOT) estão positivos, acima de US$ 3,60/bushel. No próximo semestre, a produção da segunda safra brasileira estará consolidada, o que diminui a volatilidade nas cotações. O analista projeta para a segunda metade do ano que o contrato futuro pode ultrapassar os US$ 4,00/bushel.
Para o consultor de grãos da INTL FCStone Glauco Monte, os preços do milho enfrentam momento dificil, já que a segunda safra brasileira está maior que o esperado. Além disso, a produtividade norte-americana deve se manter alta.
Outro fator que contribui para a baixa rentabilidade, na visão do consultor, é o câmbio. Segundo ele, o milho absorve mais a variação da moeda que a soja, por exemplo. Se a cotação do dólar cair mais nos próximos dias, os preços devem piorar.
A recomendação de Monte é que o produtor tente negociar o milho nos últimos meses do ano.
Soja
Para a soja, os dois analistas prevêem preços firmes nos próximos dias. As cotações no mercado físico seguem com remuneração acima de R$ 60,00/saca no Porto de Paranaguá. O consultor da INTL FCStone lembra que os Estados Unidos estão em período de entressafra, favorecendo as negociações. Glauco Monte aponta que o produtor está vendendo lentamente, o que evita uma pressão de baixa para o grão.
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O analista Vlamir Brandalizze acredita que os números do USDA devem reforçar o suporte aos preços da soja. Segundo ele, o departamento norte-americano deve mostrar evolução tímida nos índices de produção da oleaginosa, mesmo com a tendência de aumento da área plantada. Outro fator positivo é que a demanda tem se mostrado crescente.
Ao contrário do milho, os especialistas lembram que os sojicultores, em sua maioria, estão mais capitalizados. Isso permite trabalhar as vendas para momentos de boas negociações, pois esses produtores têm menos necessidade de fazer caixa imediatamente.