Quando consideramos outros insumos, como alimentos concentrados, por exemplo, o cenário está favorável ao produtor. Em relação a maio do ano passado, o poder de compra da arroba subiu 44,4% para o milho em grãos e 29,3% para o farelo de soja. A oferta curta de bovinos é o principal fator altista para o boi gordo e categorias de reposição.
A consultoria aponta que a oferta de boiadas está curta, o que vem mantendo o mercado relativamente firme, ou com recuos modestos, frente à demanda fraca. Com isto, aumentos pontuais de oferta podem pressionar as cotações em curto prazo.
Além disso, a Scot alerta que já passou da hora de planejar as vendas do segundo semestre e avaliar mecanismo de proteção de preços. Momentos de preços positivos são oportunidades para ajustar a produção e as contas para épocas de preços ruins.
Mercado interno
No mercado interno a situação não está positiva. Enquanto o boi gordo subiu 21,7% nos últimos doze meses, os Equivalentes Scot Carcaça e Scot Desossa tiveram altas de 19,7% e 18,5%, respectivamente.
Estes indicadores aferem a margem do frigorífico com a venda de todos os produtos do abate no mercado interno, sem e com desossa. Como a receita subiu menos, a margem da indústria encurtou, o que retrata a dificuldade de repasse dos preços ao produto final.
Em maio, com o preço de uma arroba foi possível comprar 3,71 kg de picanha no varejo, frente a 3,38 kg no mesmo mês de 2014. É o maior valor da série. Isto ocorre porque os preços do boi subiram mais que a carne no atacado e no varejo. Alguns cortes de menor valor agregado tiveram atlas maiores que o boi, como o acém, mas o cenário geral é de encurtamento.
Mercado externo
O consumo interno e a exportação de carne bovina, com seus respectivos pesos, têm sido o limitante do mercado do boi gordo este ano. Segundo proeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia brasileira só terá desempenho melhor que nove, dentre 188 economias analisadas.
Vale destacar que entre as nove economias em situação pior que a brasileira estão a Venezuela e Rússia, que juntas compraram 30,9% da carne bovina embarcada pelo Brasil em 2014 (Mdic). O desempenho das exportações de carne bovina in natura nos primeiros cinco meses deste ano mostra queda de 19,9% em volume e de 25,1% em faturamento, frente ao mesmo período de 2014.