Estados do Sul discutem fim da vacina de aftosa

Objetivo é conseguir a suspensão da obrigatoriedade da imunização, para conseguir exportar a mais mercadosRepresentantes dos governos de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se reuniram nesta terça, dia 9, em Porto Alegre, para discutir a febre aftosa. A ideia é que os estados suspendam a imunização contra a doença.

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Esse foi o primeiro encontro do grupo de trabalho que reúne secretários da Agricultura integrantes do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul). O secretário do Conselho, Vicente Bogo, ressaltou a importância destes diálogos entre os Estados para tratar do tema.

– Cada Estado procurou suas soluções separadamente até agora, mas se verificou que não há uma boa solução isoladamente. Para um Estado interromper a vacinação e acessar mercados específicos, é preciso que os Estados vizinhos, e inclusive os países vizinhos tomem suas providências para controlar a doença – aponta Bogo.

Atualmente, apenas Santa Catarina pode exportar sem a obrigatoriedade da vacina, por ter o certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). A situação permitiu aos catarinenses exportarem cerca de 3,2 mil toneladas de carne suína ao Japão no ano passado.

– Nós ganhamos muito com isso. São mercados mais promissores, as indústrias podem agregar mais valor à sua produção, fora o gasto que Estado deixa de ter – diz o secretário de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Moacir Solpesa.

Só o Paraná encontra resistência na própria cadeia produtiva de carne para a suspensão da vacina. De acordo com o secretário de Agricultura paranaense, Roberto Ortigara, o problema é a dinâmica da bovinocultura no Estado.

– As terras em Mato Grosso do Sul são mais baratas que no Paraná. Assim, o rebanho sul-matogrossense é maior que nosso, com maior capacidade que nós de gerar bezerro, garrote, boi magro maior. Muitos pecuaristas do Paraná fazem somente a terminação do gado – explica Ortigara.

Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul possuem propriedades em fronteiras com países vizinhos como o Uruguai e Bolívia. Por este motivo, o que pode ser uma vantagem comercial, pode também dificultar a suspensão da vacina.

– Nós temos 700 quilômetros de fronteira seca com o Paraguai. Isso é uma fragilidade e precisamos discutir medidas que minimizem ao máximo a possibildiade de um eventual surto em Mato Grosso do Sul – diz o secretário de Produção e Agricultura Familiar do Estado, Fernando Lamas.

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