Um dos municípios afetados é Itaguari, a cerca de 200 quilômetros da capital Goiânia. Segundo o presidente da Associação Agropecuária dos Produtores Rurais da cidade, João Batista, somente na região são 60 produtores afetados, mas a estimativa é que, em todo o estado, o número de pessoas prejudicadas chegue a mil. Ele conta que a Associação entregava 10 mil litros de leite por dia à indústria, mas desde o dia 29 de março a empresa não tem honrado com os pagamentos.
A dívida com os produtores de Itaguari chega a quase R$ 500 mil. Ele conta que várias tentativas de negociação com a empresa já foram feitas, mas as promessas nunca são cumpridas. Na última quarta, dia 10, cerca de 500 produtores fizeram uma manifestação em frente a uma das unidades da indústria, em Rianópolis.
A inadimplência já afeta a produtividade dos rebanhos. De acordo com o representante da Cooperativa de Produtores de Leite de Taquaral, Saulo Soares, muitos criadores já reduziram a alimentação das vacas por não conseguirem repor o estoque de insumos. Somente em Taquaral, a Leites Manacá está devendo R$ 480 mil.
Com a crise, as revendedoras de ração não oferecem mais o prazo que davam antes aos produtores para a compra do produto. A consequência é a redução na capacidade de produção de leite dos animais, que, com menos alimento, não conseguem ter o mesmo desempenho de antes. Soares ressalta que alguns pecuaristas já estão vendendo vacas e bezerros para conseguir pagar os funcionários.
O produtor de leite Telvino Borges está preocupado. Ele é um dos prejudicados e está sem receita para pagar um financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que contratou há três anos. A última parcela, de R$ 3,5 mil, venceu no dia 01 de junho e ainda não foi quitada.
O pecuarista Valter Machado também está endividado. Na propriedade dele a produção de leite já baixou. Antes da crise nos pagamentos ele produzia cerca de 300 litros por dia. Agora são só 200 e o salário do principal ajudante dele, o próprio filho, também está atrasado.
O Canal Rural entrou em contato com a Leites Manacá, mas até o momento desta publicação, não obteve resposta.