– No ano passado, esse número ficava entre 3,30 e 3,40 – disse Muraro no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2015 e 2016, realizado pela BM&FBovespa em São Paulo.
Segundo ele, essa situação leva a uma incerteza para os próximos anos, especialmente em regiões de grande expansão, como o Mapitoba e Mato Grosso.
– No Brasil, a soja vem roubando o espaço do milho, claramente na safra de verão – explicou.
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Muraro ressalvou que no mercado futuro da soja a correlação entre estoques mundiais e preço é muito baixa.
– De menos de 20%; já no algodão e milho fica em mais de 50% – afirmou. Dessa forma, estoques mundiais de soja altos não significam preço baixo, frisou.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a relação estoque e consumo deve alcançar 30% em 2015/16, “a maior relação da história”, segundo Muraro.
Custo
O investimento nas lavouras de soja em 2015/16 pelos produtores será menor, segundo Muraro.
– Em 2002/2003, o custo dos insumos representava 61% da lavoura, e em 2014/15, os insumos passaram a representar 48% do custo total – disse ele.
Ele aponta o encarecimento de diesel, armazenamento, juros e mão de obra como os principais responsáveis pela elevação do custo médio aos agricultores.
De acordo com Muraro, principalmente em Mato Grosso, a lucratividade dos proprietários de terra tem caído, e o rendimento dos arrendatários está negativo em 2014/15. A AgRural prevê que a área de soja será de 32,7 milhões de hectares em 2015/2016, incremento de 700 mil hectares ante 2014/2015, o menor aumento nos últimos anos.
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O analista da AgRural disse ainda que a América Latina tem participação importante na elevação dos estoques mundiais de soja.
– Na América Latina respondemos muito rapidamente aos preços, elevando a produção – declarou.
O cenário de maior relação entre estoques e consumo e os fundamentos de oferta e demanda, no entanto, são baixistas para o mercado, com a retração da demanda chinesa. Nos Estados Unidos neste ano, os negócios antecipados para exportação alcançaram 5,3 milhões de toneladas, o menor nível para o período desde 2010/2011, segundo Muraro.
– O que mais influenciou essa queda foi a menor demanda da China – explicou.