Mesmo que os preços caiam no segundo semestre, consultores acreditam que a rentabilidade será mais que no ano passado. Em Rondônia, já foi possível comprar até três bezerros com a venda de um boi terminado. No ano passado, a média baixou para dois animais, e atualmente está um pouco melhor: 2,2. A valorização do mercado garantiu uma oferta maior de bezerros.
Em um confinamento no município de Ariquemes, centro-norte de Rondônia, o gerente da fazenda, João Norberto Batista, confirma que vai engordar mil bois a mais do que em 2014. A propriedade vai aumentar de sete mil para oito mil animais. São quatro lotes separados conforme o peso, que vão de 360 até pouco mais de 400 quilos. A meta é passar de 520 quilos. O gerente explica como faz para manter dois ciclos de engorda por ano.
– Compra o bezerro, vai a pasto para as fazendas, faz a recria. Quando faz a carcaça, trabalhando por lá, vem para o confinamento fazer a terminação aqui. Isso, dentro do ano, faz esse giro – explica.
No campo a constatação dos técnicos do Rally da Pecuária é de que houve aumento no uso de suplementação alimentar e no número de animais em semi-confinamento e confinamento a pasto. Uma estratégia de mercado para melhorar a oferta no curto prazo e conseguir pagar os custos de reposição.
Atualmente o boi magro está custando entre 15 e 20% mais caro que o boi gordo. Isso praticamente inviabilizou os confinamentos chamados de especulativos, que garantiam o acabamento dos animais em 40 dias para ganhar em cima do preço de compra. Agroa a estratégia para o mercado e o manejo mudou.
– A partir disso, precisamos trabalhar um pouco diferente a parte da recria e da engorda. A gente tem que começar a acelerar esse animal, principalmente com confinamento ou semi-confinamento, para fazer o dinheiro voltar mais rápido. No cenário atual, com a arroba de boi magro mais valorizada do que boi gordo, o animal entre já devendo. Então precisa reverter para dar lucro ainda – comenta o engenheiro agrônomo da Phibro Igor Sokoloski.
Mesmo com a oferta maior no segundo semestre, a pressão de preços não vai tirar a rentabilidade da pecuária. Essa é a avalição do coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Nogueira, que também é analista da Agroconsult.
– Existe uma tendência de pressão no preço. Mesmo que haja um cenário de queda no preço ou perda de firmeza, nós ainda vamos trabalhar com preços melhores do que foram em 2014. Chegamos a um preço alto, que está sendo pressionado. A gente acredita que volte a subir, mas mesmo que ele não atinja um patamar da expectativa do produtor, nós vamos fechar 2015 com preço mais alto do que em 2014. Não tem nada que a gente consiga ver que possa mudar este cenário – explica Nogueira.