JBS compra Moy Park e avança no mercado europeu

Operação realizada com a Marfrig deve ser concluída na segunda metade deste anoA JBS S.A. deverá ser a nova dona da Moy Park, holding que atua na Europa. A administração da multinacional informou o Contrato de Compra e Venda de Participações Societárias e Outras Avenças com a Marfrig Global Foods S.A.. 

Fonte: MPT-RS/Divulgação

No contrato foram estabelecidos os termos e condições para a alienação pela Marfrig de 100% da participação detida indiretamente na Moy Park Holdings Europe Ltd., detentora das sociedades que desenvolvem a totalidade da unidade de negócios “Moy Park” à JBS.
 
O preço de aquisição do Negócio Moy Park foi fixado em aproximadamente US$ 1,5 bilhão, ajustados pela variação do capital de giro, bem como pela dívida líquida do Negócio Moy Park no fechamento da operação, que inclui £ 300 milhões em títulos de dívida a vencer em 05/2021. O saldo do preço deverá ser pago à vista em dinheiro e em dólares norte-americanos no fechamento da operação.
 
Conforme nota da JBS, a operação representa um passo importante na estratégia de crescimento em produtos preparados e de conveniência com valor agregado da empresa. Além disso, a transação é um passo na diversificação geográfica da companhia, com a ampliação das operações na Europa.
 
O negócio foi aprovado pelo Conselho de Administração da JBS e está sujeito às aprovações de praxe incluindo aprovação pelas autoridades de defesa da concorrência da União Europeia. O fechamento previsto para a segunda metade deste ano.

Futuro

O diretor de Relações com Investidores e vice-presidente de Planejamento Estratégico da Marfrig, Marcelo Di Lorenzo, afirmou hoje, que a companhia não pretende se desfazer de mais ativos após a venda da Moy Park à JBS. Segundo ele, “a transação é transformacional e resolve a questão da estrutura de capital da companhia”.

– Não faremos mais nada em relação às outras empresas do grupo, iremos crescê-las – disse, em teleconferência com analistas e investidores.  

O presidente do Conselho de Administração da Marfrig, Marcos Molina, afirmou que a companhia não planeja focar em aquisições com a melhora em seu endividamento bruto, alcançado agora com a venda da Moy Park, sua subsidiária no Reino Unido. O executivo defende que há um potencial grande de crescimento nas unidades atuais da Marfrig e que é preciso garantir esse crescimento orgânico antes de pensar em novas compras. Esse valor, juntamente com o fluxo de caixa da companhia, será empregado em projetos de expansão, sobretudo na Ásia.

– Para 2015 e 2016 já temos muito o que crescer dentro de casa – disse. Segundo ele, “o conselho (da empresa) também entende que o potencial de crescimento das unidades é muito grande”.

Com a operação, a Marfrig estima que seu endividamento bruto cairá em mais de 40% e a alavancagem pode ser reduzida a 3,7 vezes a dívida líquida sobre Ebitda até o fim do ano. Ao fim de 2014, esta medida estava em 4,98 vezes e em 6,20 vezes no primeiro trimestre de 2015.

A empresa também estima que quase a totalidade do valor pago pela JBS pela Moy Park (cerca de US$ 1,5 bilhão) seja destinado ao pagamento de dívidas. Com isso, os executivos preveem um decréscimo natural no pagamento de juros, que poderia chegar a R$ 300 milhões ao ano.

A Marfrig tinha cogitado inicialmente fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Moy Park, mas, de acordo com Di Lorenzo, a venda da unidade “resolveria de forma mais definitiva a questão do endividamento, ao contrário do IPO.”

Ele ressaltou que a disciplina financeira do grupo continua, com foco na melhora do capital de giro. Com a operação, a empresa espera, segundo ele, que os objetivos traçados pela Marfrig para serem cumpridos até 2018 sejam antecipados. Um deles é a redução da alavancagem para 2,5 vezes.

Como justificativa para a venda da unidade, a Marfrig avalia que a Moy Park possui um caráter “muito voltado para o varejo”, diferentemente das demais empresas do grupo. Nesse sentido, a alimentícia diz esperar que não haja perdas de sinergias com a conclusão do negócio.

Di Lorenzo avalia que a divisão de bovinos da empresa é saudável e geradora de caixa e pode ajudar na melhoria dos resultados da companhia. Segundo ele, isso será feito por meio da otimização da capacidade produtiva, sem que haja queda na produção. O objetivo é aproveitar as aberturas recentes de mercados à carne bovina brasileira para aumentar as exportações e melhorar o desempenho operacional.