O fabricante adicionava milho ao queijo para mascarar a colocação de água no leite que era usado no processo de produção. Também ficou comprovada a compra de matéria-prima fora dos padrões da indústria, e as análises do produto apreendido no dia da ação confirmaram a presença de coliformes fecais.
O MP-RS ofereceu denúncia contra os proprietários da Laticínios Progresso Volnei Fritsch, Eduardo André Ribeiro e Pedro Felipe Fristsch – os três presos preventivamente –; a irmã de Volnei, Roselaine Fritsch; o motorista Arnildo Roesler; o funcionário da empresa e olheiro da quadrilha Neimar Hosda; o apoiador do esquema (em especial na distribuição) Claudio Fuhr; o ex-secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Três de Maio Valdir Ortiz; o veterinário da Prefeitura de Três de Maio Marcelo Paz Carvalho; e a companheira de Eduardo, Andreia Abeling.
De acordo com as investigações, o esquema funcionava pelo menos desde abril de 2012. Volnei Fritsch, Eduardo André Ribeiro e Pedro Felipe Fritsch participavam ativamente da fraude, pois adquiriam amido para usar na fabricação dos produtos, com a finalidade de aumentar o volume. A carga, depois de ser produzida em Três de Maio, era transportada por mais de 450 quilômetros, clandestinamente, até Ivoti, na região metropolitana de Porto Alegre, onde os queijos eram fatiados e distribuídos pelo Estado.
Além das irregularidades relativas à fabricação do queijo, o MP-RS detectou lavagem de dinheiro através de depósitos nas contas de Roselaine e Andreia. Ainda houve crime de corrupção passiva e ativa envolvendo os funcionários dos órgãos públicos, que conheciam e acobertavam a atividade criminosa, bem como favoreciam a Lacticínios Progresso em troca de “patrocínios”.