Na região subtropical do país, por exemplo, as áreas com integração estão crescendo com a entrada da pecuária na entressafra das lavouras. Já em áreas tropicais, como o norte do Paraná e a região Centro-Oeste, ocorre o inverso: a lavoura é que entra em áreas de pastagens degradadas como estratégia de recuperação da fertilidade do solo e melhoria das plantas forrageiras.
Ajustável a diferentes condições de clima, solo e relevo, a ILPF também pode ser montada de acordo com as características de mercado e logística da região da fazenda.
– Eu não imagino a integração sendo realizada por todos os produtores rurais. Existem perfis bastante diferenciados, tamanho de propriedades, pessoas que gostam mais ou gostam menos de trabalhar com esses sistemas mais complexos. Mas, sem dúvida, é uma possibilidade que está disponível tecnologicamente e também do ponto de vista de crédito, por meio do Programa ABC – lembra o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Carvalho.
De acordo com o especialista, a integração de sistemas não é novidade na agropecuária, uma vez que há mais de oito mil anos já se fazia algum tipo de integração. O que é novo é a adoção de tecnologias modernas, como o plantio direto na palha, por exemplo, e o planejamento, trabalhando o sistema produtivo como uma unidade complexa, onde existe sinergia entre os componentes.
Os estudos de caso apresentados durante o painel mostraram que além de aumentar e diversificar a produção em uma mesma área, os sistemas integrados geram benefícios ambientais. Entre eles está o aumento da matéria orgânica no solo, a maior infiltração de água e a menor emissão de gases de efeito estufa.
Fomento e desafios
O aumento da área com integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil é uma das metas do país visando o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agricultura. Para fomentar a tecnologia, foi criada a linha de crédito Programa ABC, que traz prazos de pagamento e períodos de carência variados conforme a tecnologia a ser utilizada.
De acordo com Sérgio Bulla, do Banco do Brasil, foram destinados para a safra 2014/2015 R$ 3,2 bilhões por essa linha de crédito e a maior parte já foi investida. Se por um lado o crédito estimula a adoção da ILPF, por outro a ausência de mão de obra qualificada dificulta seu uso. Isso porque sendo um sistema complexo, a integração exige profissionais com conhecimento geral sobre a atividade agropecuária.
– Esse profissional com uma visão mais holística, mais sistêmica, que olha a propriedade e os processos como um todo, e não segmentos da propriedade, lamentavelmente está se tornando raro. A falta desse profissional, com essa capacitação, de fato, é limitante para a expansão da tecnologia da integração – analisa Paulo Carvalho.