Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) Márcio Só e Silva, o interesse dos produtores do Brasil central pelo trigo tem crescido na última década devido a uma série de fatores, como o vazio sanitário da soja e do feijão, a necessidade de gramínea (no caso o trigo) para quebra do ciclo de doenças de hortaliças, a movimentação da infraestrutura e recursos humanos no inverno, além da geração de renda na entressafra. Contudo, da área potencial de trigo no Cerrado do Centro-Oeste, apenas 5% conta com cultivo de trigo regularmente.
– A Embrapa e outros parceiros da iniciativa pública e privada têm trabalhado na adaptação e geração de tecnologias que viabilizem os melhores resultados do trigo na região. Os altos rendimentos e a qualidade do cereal no sistema de produção irrigado já são atrativos, mas a falta de água tem sido fator limitante, por isso a importância de disponibilizar uma tecnologia competitiva no sistema de sequeiro, que implica custos de produção menores – explica o pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) Júlio Albrecht.
O trigo BRS 404 deverá substituir a cultivar BR 18 – Terena, única opção de sequeiro indicada pela Embrapa desde 1886. A cultivar BRS 404 se destacou entre as testemunhas com relação à brusone durante os experimentos e foi classificada como cultivar de moderada suscetibilidade à brusone, um marco para a pesquisa já que até agora as cultivares de trigo se mostravam altamente vulneráveis à doença.
A cultivar BRS 404 está indicada para os estados de Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal, em áreas de sequeiro, com altitudes iguais ou superiores a 800 metros. O potencial de rendimento é de 40 sacos por hectare, com classe Pão, grão duro e força de glúten (W) em 320.