O valor pago aos produtores de feijão apresenta instabilidade. Neste mês, o preço ultrapassou os R$ 180, valor superior ao praticado no ano passado por conta da redução da produção e por um pequeno período de entressafra. Mas a saca registrou queda de mais de 20% em apenas uma semana. A saca de 60 quilos começou esta semana cotada em R$ 147,50 em São Paulo. Há uma semana, ela valia R$ 40 a mais.
No entanto, este sobe e desce do feijão já era esperado por quem acompanha o mercado. De acordo com a Bolsa de Cereais de São Paulo, a entrada antecipada do feijão de Minas Gerais fez os preços caírem. Houve mais oferta do que procura. E a tendência para os próximos dias ainda é de baixa, já que começarão a chegar as mais de 800 mil toneladas de feijão da terceira safra.
O diretor da Bolsa de Cereais diz que os preços devem ficar entre R$ 140 e R$ 145 – ainda bem acima dos R$ 87 do mesmo período do ano passado.
– Nós tivemos uma quebra na segunda safra, algo estimado em torno de 9%. E nessa terceira safra, ela já deu uma equilibrada, não nesses 9%, mas ela deve estar atendendo a demanda nacional – diz Rui Russomano, diretor da Bolsa de Cereais de SP.
A analista de mercado Sandra Hetzel afirma que a terceira safra é plantada por produtores de maior porte e isso explica as quedas repentinas nos preços nesta época do ano.
– A primeira safra é um grande número de pequenos produtores plantando pequenas áreas, e a terceira safra é um número limitado de produtores plantando grandes áreas. Então, quando um produtor colhe, meia dúzia colhe, evidentemente que em determinados momentos a oferta chega a ser interessante, chega a ser volumosa e isso acaba afetando os preços – explica.
O produtor que armazenou o feijão contando com os preços em alta precisa ficar atento, tanto para a oferta quanto para a qualidade do produto.
– O feijão carioca ninguém consegue armazenar muito tempo. Ele perde a cor e perde a qualidade, portanto o preço é menor. O produtor sabe disso. É um risco muito grande guardar feijão carioca – orienta a analista.
Conforme Russumano, quando o mercado de São Paulo é comprador, o produtor começa a olhar e esperar o dia seguinte, já que o preço do feijão é diário.
– Ele vai observando, vendo qual é a tendência do mercado, principalmente o que está entrando no disponível para tentar forçar um pouquinho mais o preço. De repente, acontece o que aconteceu hoje: entrou 38 mil sacas no disponível São Paulo e foram comercializadas em torno de 30 mil – pontua o diretor da Bolsa.