A ampliação da quantidade de empresas autorizadas a vender produtos lácteos para a Rússia e o destravamento na relação das indústrias que já são habilitadas, anunciada na quarta, dia 8, pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é relevante para o setor de lácteos brasileiro, mas será necessário um trabalho urgente na questão da competitividade.
A opinião é do presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Sant’Anna Alvim.
Segundo ele, a ministra atendeu a um pleito do setor que está determinado no plano de melhoria de competitividade da cadeia do leite nos cinco maiores Estados produtores (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Goiás).
– O projeto tem sete pilares e a abertura de novos mercados é um deles. Foi um grande passo para o setor, é bem-vindo, mas não basta só abrir. Temos um grande problema de competitividade que precisamos resolver. Só que não será de uma hora para outra – disse Alvim.
Conforme o presidente da Comissão, o Brasil não é formador de preço do item no mercado internacional, tendo muita dificuldade em compensar o alto custo de produção no valor dos seus produtos.
– Quem tem 40% do mercado internacional de produtos lácteos hoje é a Nova Zelândia, que é muito competitiva em custo de produção e em produtividade – ressaltou.
A média nacional de produção de leite por vaca por lactação é entre 1,3 mil a 1,5 mil litros de leite, ante 4,5 mil litros de leite na Nova Zelândia.
Além disso, ele acredita que, apesar de se já ter avançando “bastante”, a qualidade do leite brasileiro precisa ser aperfeiçoada ainda mais. Ele citou a questão dos resíduos sólidos na bebida, que precisam ser ampliados.
– A Nova Zelândia consegue produzir um quilo de leite em pó com 7,5 litros de leite. Nós usamos 10 litros. Então, temos que conseguir atender ao mercado russo e outros que virão com um leite mais qualificado – afirmou.
Minas Gerais
Já para Minas Gerais, a ampliação das vendas ao mercado russo vai contribuir para o fomento das exportações dos produtos lácteos produzidos no estado.
De acordo com Alvim, o Estado, maior produtor nacional, com cerca de 30% (ou 9 bilhões de litros/ano) da produção total brasileira, consome entre 30% e 40% do leite fabricado e o restante é exportado para outros Estados ou países.
– Temos uma vocação exportadora e a Rússia só vem a agregar – comentou.