A perspectiva da agropecuária brasileira para os próximos dez anos é positiva, por conta da mudança na composição da demanda interna e externa para produtos nos quais o país possui competitividade, como carne, milho, soja, açúcar e frutas tropicais.
A projeção está em um relatório produzido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a respeito das perspectivas da agropecuária brasileira no período de 2015 a 2024, lançado hoje, dia 15, em Brasília.
Segundo o estudo, o crescimento da demanda proporcionará oportunidades tanto para a agropecuária comercial quanto para a os produtores familiares, principalmente em produtos com economia de escala menos evidentes, como café, frutas e horticultura.
– Como resultado desse crescimento, a agricultura continuará desempenhando um papel importante em termos de emprego, geração de renda e rendimentos de exportação – dizem FAO e OCDE.
As entidades afirmam que o setor produtivo terá de aperfeiçoar técnicas sustentáveis para crescer no futuro, conservando e recuperando pastagens e praticando uma produção pecuária mais intensa. Outro desafio considerado prioritário é o fortalecimento da produtividade e a manutenção da competitividade internacional.
– As melhorias na produção agrícola podem ser alcançadas de forma sustentável. A maior parte dos aumentos na produção provirá de ganhos de produtividade, e a pressão sobre os recursos naturais, especialmente terra, mas em algumas regiões também água, pode ser aliviada – afirmam.
O relatório afirma que o Brasil possui uma grande quantidade de terra a ser explorada para a produção, sem a necessidade de desmatar áreas da floresta amazônica. No entanto, é preciso fazer com que os direitos de propriedade fiquem mais claros, além de regulamentos mais rígidos sobre a atividade ilegal.
Para o representante da FAO no Brasil, os desafios que o Brasil enfrentará nos próximos dez anos podem ser superados.
– Temos a plena confiança que o Brasil tem a capacidade, tem os recursos humanos, que é o mais fundamental, tem também os recursos para fazer esses investimentos, mas tudo demora então vamos ver como se faz uma boa sequenciação desses investimentos – afirmou ele, em Brasília, durante a apresentação do estudo.
O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Caio Rocha, defende que o governo já adota medidas para superar os desafios apontados pelo relatório.
– Aqui no relatório foi colocada a questão do desmatamento, que está apresentando diminuição, mas eu quero agregar a isso o programa de agricultura de baixo carbono, que tem R$ 10 bilhões já investidos desde 2011 e tem uma média de 3 bilhões a 4 bilhões por ano para que a gente possa investir em práticas que possam melhorar a questão dos gases de efeito estufa. O Brasil é pioneiro e é o país que tem maiores recursos colocados nessa área – disse.