Setor de insumos registra cinco meses de queda nas vendas

Volume de fertilizantes é 27,3% menor do que o registrado no mesmo período do ano passadoCom a crise econômica, as vendas de fertilizantes e insumos agrícolas caíram nos cinco primeiros meses do ano. Mas tanto setor quanto governo apostam em uma recuperação ainda em 2009.

De janeiro a maio deste ano, 6,6 milhões de toneladas de fertilizantes chegaram às mãos dos produtores brasileiros. Um volume 27,3% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Os estoques da indústria também caíram, de 6,1 milhões para 5,2 milhões de toneladas. O mercado de defensivos registrou queda de 2% nas vendas durante o mês de maio, mas no acumulado do ano, o resultado ainda é positivo. A produção de calcário deve fechar o ano em 22,5 milhões de toneladas, uma queda de 8,5% em relação a 2008.

A escassez de crédito por causa da crise econômica é apontada como principal motivo para a queda na comercialização de insumos agropecuários. Representantes da Câmara Temática de Insumos Agropecuários do Ministério da Agricultura acreditam que, com a economia já mostrando sinais de recuperação, isso deve se refletir na melhoria das vendas até o fim do ano. Mas o atraso na compra de fertilizantes ainda preocupa.

? A única preocupação que fica é em relação aos fertilizantes, porque a gente vê que não houve muita antecipação de compra pelos produtores, coisa que em outros anos não ocorreu, principalmente nos dois últimos anos. Vai ocorrer inúmeras filas para fazer carregamento, pode acontecer aumento do preço do frete, porque haverá uma concentração de demanda no segundo semestre ? diz o responsável pelas Câmaras Setoriais do Ministério da Agricultura, Agnaldo José de Lima.

O governo finaliza uma campanha para estimular o uso de corretivos do solo, principalmente entre os pequenos produtores. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) apóia a iniciativa. Segundo a entidade, o consumo desses produtos no Brasil deveria ser três vezes maior, mas alguns fatores dificultam o acesso dos agricultores.

? Os produtores precisam ter incentivos, já que é uma correção que pode perdurar alguns anos. Então é um investimento, ele vai ser amortizado, o produtor precisa ter esses recursos para utilização de calcários. Há diversos outros problemas, distância das minas, problemas de logística, que encarecem a tonelada posta na fazenda ? afirma o assessor econômico de mercados da OCB, Marcos Matos.

O Ministério da Agricultura prepara ainda um projeto para facilitar o registro de agrotóxicos para culturas, como hortaliças e frutas.

? O que a gente está querendo é que estes testes sejam extrapolados para culturas menores. E o que o consumidor ganha com isso? Ele ganha toda a garantia dos órgãos de saúde que aquele produto têm resíduos seguros para ser consumido pelas pessoas ? afirma o coordenador geral de agrotóxicos da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Luís Eduardo Rangel.