Começou nesta quarta, dia 29, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o 13º Congresso Internacional do Leite. O estado é o segundo maior produtor do país e a atividade está presente em 94% dos municípios. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura (Mapa), Caio Rocha, coordenou o primeiro painel do dia e deu destaque ao peso de China e Rússia como grandes mercados importadores, que merecem a atenção do Brasil.
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, não compareceu ao evento, mas sinalizou a intenção de retomar a venda de lácteos à China. Recentemente, o Brasil conseguiu a liberação para exportar leite em pó à Rússia, o que, segundo o governo, deve beneficiar não só indústrias, mas também produtores.
– É básico para o produtor, se nós produzimos 4% ao ano e consumimos 3% ao ano, se nós não exportarmos essa sobra de leite, essa sobra baixa o preço do mercado. Por isso, nós temos que buscar outros mercados que possam comprar mais, para que a gente possa ter a garantia de produzir, de ter preço e de rentabilizar o produtor aqui no Brasil – promete Rocha.
Apesar da abertura, China e Rússia diminuíram as importações. Estoques elevados e pouca demanda foram citados como os principais motivos para a baixa no país oriental. Já no que se refere à Rússia, os problemas econômicos e a queda na importação explicam a retração.
Estados Unidos, México, Cuba, Venezuela e África tiveram um bom desempenho. Mesmo assim, analistas acreditam que o mercado internacional de lácteos está em queda e os reflexos são sentidos no mercado brasileiro. As importações devem se manter boas, mas a tão temida crise diminuiu o consumo, o que leva o diretor executivo da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) a crer que este é o pior período vivido pelo setor. Para Ricardo Cotta Ferreira, a abertura do mercado russo é importante.
– Acho que o papel que o Mapa tem feito, de peregrinar mundo afora abrindo as portas e fazendo os acordos sanitários tão essenciais para que o mercado possa efetivamente se realizar, é fundamental. Agora, tem outro papel que é o papel da competitividade. Ou seja, no Brasil, os preços têm que estar num patamar razoável, a ponto de que as indústrias possam exportar com alguma rentabilidade. E, infelizmente, o que está acontecendo nesse momento é que existe oferta de leite e derivados no mundo, e os preços estão extremamente deprimidos, os menores da última década. Então, enquanto isso não voltar aos padrões, à sua média histórica, a gente via ter dificuldade de efetivar exportações – afirma Ferreira.
O Congresso Internacional do Leite termina nesta quinta, dia 30, com discussões sobre inovação e a sustentabilidade.