Mato Grosso cria força-tarefa para combater uso de sementes piratas

Cerca de 20% do volume comercializado não é certificado, segundo a Aprosmat

Os produtores de sementes de Mato Grosso se uniram em uma força-tarefa para tentar reduzir o índice de sementes piratas no estado. Segundo a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), cerca de 20% do volume comercializado não é certificado. E, deste montante, não é possível mensurar o quanto de sementes são “salvas” pelos produtores – ou seja, retiradas da produção comercial de grãos para virarem sementes na safra seguinte. 

O percentual foi divulgado em um evento realizado pela Aprosmat em Cuiabá, denominado “Dia aberto a esclarecimento: semente salva, legal e ilegal”. Na ocasião, foi feita uma enquete com o público (revendedores, produtores e entidades de classe), que também apontou que há produtores de sementes do estado que comercializam sementes piratas.

– Já fechamos acordo interno para que os associados não vendam sementes que tiverem com menos de 85% de índice de germinação. Quem fizer isso será expulso da entidade. Temos uma consultoria contratada e vamos fazer auditorias para o controle da qualidade da nossa semente – afirmou o presidente da Aprosmat, Carlos Ernesto Augustin.

Segundo o executivo, a expectativa é de que a fiscalização aumente com a assinatura da adesão do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) do Ministério da Agricultura. Atualmente, o Indea fiscaliza apenas as revendedoras de insumos, enquanto as fazendas só podem ser inspecionadas pelo ministério, quando se trata de presença de sementes piratas na propriedade. 

Com a adesão, segundo o presidente da associação, mais de 100 fiscais deverão atuar no campo com as mesmas atribuições dos fiscais do ministério, para coibir e autuar quem compra e vende semente pirata. Dados apresentados pelo presidente do Indea, Guilherme Nolasco, apontaram que, de janeiro a junho deste ano, 1.590 estabelecimentos foram vistoriados. Durante este período, 545 irregularidades foram detectadas e 18 autos de infração aplicados, relacionados somente às sementes irregulares. O número é considerado elevado.  

Mato Grosso produz atualmente cerca de oito milhões de sacas de sementes, o equivalente a aproximadamente 50% da demanda estadual.