CNA e BC devem monitorar tomada de crédito rural

Produtores reclama de dificuldades burocráticas, redução de valores e cobrança de taxas superiores às determinadas pelo governo

O crédito rural para financiar a safra 2015/2016 está disponível nos bancos desde o mês passado, segundo o governo federal. Mas acessar os recursos com juros controlados não tem sido tarefa fácil para os produtores. O apontamento é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que prepara uma cartilha para informar aos trabalhadores do campo os seus direitos e quer se unir ao Banco Central para checar o serviço dos bancos e instituições que emprestam o dinheiro.

– [A cartilha] vai estar chamando atenção pra esses pontos que nós colocamos, da venda casada, o que caracteriza venda casada, o que não caracteriza, é importante que o produtor saiba. A questão dos juros, quais são os enquadramentos em que o produtor se classifica, que é uma coisa que vai variar de produtor pra produtor, de linha de crédito pra linha de crédito, mas quais seriam as diretrizes gerais que deveriam ser observadas – antecipa o superintendente da CNA, Bruno Luchi. 

Representantes da CNA e do BC se reuniram há cerca de duas semanas e estudam implementar um termo de cooperação entre as duas entidades. A ideia é monitorar a tomada de crédito nos estados, para verificar se os bancos regionais estão cumprindo as regras.

O consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás aprova a medida. Segundo Cristiano Palavro, no município de Jataí, os financiamentos estão sendo liberados com juros de 15%, muito acima dos 8,75% que é a média das taxas controladas indicadas pelo governo.

– As agências estão nos municípios e a nossa atuação aqui em Brasília, ou dentro das capitais dos estados, é nível de superintendência. Então, muitas coisas acontecem lá na ponta e a superintendências, as gerências aqui de Brasília, precisam ficar sabendo disso. Identificar onde estão acontecendo os problemas e trabalhar pra evitá-los – diz Palavro.
 
O produtor de grãos Eduardo Veras reclama que, além dos juros altos, a diminuição do valor do crédito também é um problema.

– Teve instituições, mesmo que não sejam bancos oficiais, que reduziram em 40% o valor financiado em relação ao ano anterior. Então, foi muito difícil pro produtor até o momento. No meu caso, sim, é uma instituição que reduziu 40% do valor e, com isso, eu acabei fazendo soja verde, perdendo a oportunidade de vender o produto com preço melhor, tendo que fazer soja verde pra arcar com essa diferença – conta o produtor.