Agricultores estão preocupados com a falta de armazéns para guardar a colheita da segunda safra de milho enquanto o produto não é comercializado. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), João Carlos Werlang, como não há espaço nas propriedades, já tem espiga caindo do pé.
– O produtor está procurando colher na hora certa para armazenar. Agora, em certas regiões, o problema maior é a armazenagem. Então tem que armazenar a céu aberto, corre risco.Tudo isso dificulta para o produtor, tudo isso tem custo – afirma.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os silos brasileiros têm capacidade para estocar pouco menos de 150 milhões de toneladas, mas a colheita total estimada para a safra 2014/2015 ultrapassa 200 milhões de toneladas. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o maior déficit está nas regiões Norte e Nordeste do país.
– Nós temos um déficit de, mais ou menos, 90 milhões de toneladas. Em razão disso, a maioria não está situado na região Norte e Nordeste do país. Então teriam que ser instalados armazéns nessas regiões, principalmente agora que o Matopiba é considerado a última fronteira agrícola em expansão no mundo – diz a assessora de logística e infraestrutura da CNA, Elisângela Lopes.
Logística e crédito
Outro problema apontado pelos produtores é a dificuldade de enviar o milho para outros estados.
– Estamos tentando arrumar outros compradores pra outros estados, pra tentar mandar esse milho pra fora. No caso do Distrito Federal, a gente tinha um benefício que a gente pagava 1% o ICMS. Temos outro problema agora, derrubaram esse 1%, o nosso agora tem que ser 12%, então às vezes fica inviável mandar milho pra fora porque você tem que pagar muito imposto e o preço do milho ta relativamente baixo, então você tem problema pra mandar, mandar esse milho pra fora – afirma o produtor Rodrigo Werlang.
Os produtores também reclamam sobre a burocracia para acessar o crédito destinado à construção de armazéns. Neste Plano Safra, foram disponibilizados R$ 2 bilhões para essa finalidade.
– O produtor leva documento, aí chega no outro ano tem que levar de novo, comprovar isso, comprovar aquilo. É muito complicado. É muita burocracia para resolver os financiamentos, até que seja aprovado demora na construção, aí chega na hora tarde, na maioria das vezes, os investimentos – diz o vice-presidente da Abramilho.