Aquecimento global aumentará quebras de produção

Estudo prevê que eventos climáticos extremos que ocorriam a cada 100 aparecerão a cada 30 anos ou menos até 2040

O sistema internacional de alimentos está cada vez mais vulnerável a quebras de produção provocados por eventos climáticos extremos, e o risco está aumentando cada vez mais por conta da piora do aquecimento global. O alerta foi feito por cientistas em um estudo encomendado pelo governo do Reino Unido.

Segundo as estimativas preliminares, as quebras de produção das quatro principais commodities – milho, soja, trigo e arroz – que ocorriam a cada 100 anos devem ficar mais frequentes antes de meados do século 21, podendo ocorrer a cada 30 anos ou menos até 2040.

A situação é bastante problemática, considerando que a demanda por alimentos deverá crescer mais de 60% até 2050, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

O estudo revela também que um evento extremo que ocorria a cada 200 anos até o final do século 20 gerava uma perda de produção de, aproximadamente, 8,5%. Nas próximas décadas (de 2011 até 2040), porém, uma situação deste tipo deve ser 15% mais grave e gerará uma perda de 9,8%.

A consequência deste cenário será fortes aumentos nos preços dos alimentos, como os vistos nas safras 2007/2008 e 2010/2011. Os países em desenvolvimento serão os mais prejudicados, principalmente aqueles localizados na região subsaariana da África.

– Estes países devem experimentar, em curto prazo, as mais pronunciadas deteriorações nas taxas de pobreza e nutrição. No nível econômico, entre os impactos [previstos] estão inflação, piora na balança de pagamentos e pressões orçamentárias vindas de maiores subsídios a alimentos e ajudas sociais – diz trecho do estudo.

O aumento de preços deve levar a uma intensificação da produção e expansão da área plantada, diminuindo os preços no curto prazo. Contudo, diz o estudo, se o aumento da semeadura for feito por meio de desmatamento, os custos ambientais subirão em longo prazo. O mesmo ocorrerá caso a produção degrade solos, fontes de água e eleve a emissão de gases do efeito estufa.