Justiça impede caminhoneiros de bloquearem rodovia em Mato Grosso

Caminhoneiros queriam aproveitar domingo de protestos para reivindicar cumprimento de acordo com governo federal

Fonte: Pedro Silvestre

Caminhoneiros de Mato Grosso foram impedidos pela Justiça de bloquear a rodovia BR-163/364. Eles pretendiam impedir o tráfego na altura do quilômetro 698, entre os municípios de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, em protesto contra o descumprimento de acordo fechado com o governo federal em fevereiro deste ano.

Manifestantes ligados aos caminhoneiros se concentraram nas margens da rodovia na manhã deste domingo, dia 16. Antes de começarem a colocar cones de sinalização, para bloquear a estrada, receberam a notificação de uma liminar, emitida pela Secretaria de Justiça de Mato Grosso, a pedido da concessionária Rota do Oeste, proibindo qualquer tipo de bloqueio no local. A multa pelo descumprimento da liminar é de R$ 10 mil por hora de interdição da rodovia.

Os caminhoneiros reivindicam o fim do PIS e Cofins incidente sobre o óleo diesel, renegociação das dívidas de compras de veículos e tabela referencial de preços de fretes.

Um dos líderes dos caminhoneiros da região, Gilson Baitaca, disse que o bloqueio não mais deve ocorrer neste domingo. Mas afirmou que poderá haver uma nova paralisação da categoria nas próximas semanas se as reivindicações não forem atendidas.

Dívidas

Baitaca estima que existam maios de 300 mil contratos para renegociação no Brasil. Em, Mato grosso, apenas 46 protocolos de renegociação triam sido acatados pelo Banmco do Brasil até o momento. 

Nesta semana, representantes da classe foram à Câmara dos Deputados solicitar apoio para que bancos privados renegociem as dívidas. Há cerca de um mês, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) emitiu uma circular autorizando a suspensão das cobranças por até 12 meses. A categoria reclama que, até o momento, apenas o Banco do Brasil aderiu a medida. 

refinanciamento é destinado a contratos referentes ao Programa de Sustentação de Investimento (PSI) e ao Procaminhoneiro.
– A situação financeira está muito difícil. Inclusive familiares indo às agências bancárias, fazendo financiamento em nome deles e repassando esse dinheiro aos caminhoneiros para tentar não perder seu caminhão. Porque você sabe que essa lei que mudou, agora o banco pode, a partir da primeira parcela em atraso, já entrar com pedido de apreensão – afirmou Janir Bottega, representante do Fórum Permanente Para o Transporte Rodoviário de Cargas.

Os profissionais também reclamam que mesmo o Banco do Brasil só está renegociando as dívidas de quem está com todas as parcelas quitadas. De acordo com Juliana Cruz, superintendente de Operações Indiretas do BNDES, a inadimplência não é motivo para barrar a renegociação:

– Essa situação não inibe que o agente financeiro, uma vez aceitando o refinanciamento, recebendo o refinanciamento, encaminhe o Refin ao BNDES das parcelas a vencerem. Nós acreditamos que essa percepção de que talvez os bancos não estejam aderindo decorre do momento de adaptação dos bancos. Eu creio que nos próximos dias, nos próximos meses, a gente vai ter um aumento do número de operações, solicitações de Refin chegando – pontua. 

Já que os bancos privados não aderiram à circular do BNDES, os caminhoneiros querem uma autorização para fazer a portabilidade das dívidas para um banco público. Diante da pressão, as instituições financeiras particulares pediram um prazo de até 90 dias para começar a implementar o refinanciamento. 

Relembre a greve

A greve do início deste ano paralisou importantes rodovias brasileiras por cerca de 15 dias, gerando fortes impactos como atraso no embarque de grãos, desabastecimento de óleo diesel, falta de insumos para aves e suínos, paralisações industriais, gargalos no fornecimento de alimentos e até quedas nos preços da Bolsa de Chicago.