Produtor precisa agilizar compra de fertilizantes

Analistas dizem que agricultor pode até ficar sem o insumo, se deixar para a última hora

Especialistas estão recomendando que o produtor rural não deixe para comprar os fertilizantes para a próxima safra de verão na última hora. O que está acontecendo é que o produtor de soja em Mato Grosso, por exemplo, precisa de mais sacas do grão para comprar uma tonelada de adubo, em relação a meados do ano passado. Este é um dos motivos para o atraso das aquisições do insumo.

No principal estado produtor de soja do Brasil, era preciso 19 sacas de 60 quilos para comprar uma tonelada de fertilizantes em junho do ano passado. Neste ano, a relação de troca piorou, com a desvalorização do preço da soja em 42%. Agora, para adquirir a mesma quantidade do insumo, o produtor entrega quase 30 sacas.

No caso do milho, essa relação também ficou desfavorável para o produtor. Principalmente no Paraná, onde o preço do produto caiu 35% em junho frente ao mesmo mês de 2014. Assim, o produtor precisou de 75 sacas do cereal para comprar uma tonelada de adubo, contra 55 sacas em junho do ano passado. 

– A grande questão quando a gente fala em relação de troca é que os insumos também subiram, os insumos dolarizados. Isso coloca o produtor em uma sinuca. Eu tenho receita melhor nas commodities agrícolas, nos produtos agrícolas que são dolarizados. Eu tenho um preço melhor em reais, porém os meus custos subiram. Então, é uma grande interrogação. Faz o que: melhora ou piora? – diz o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fábio Silveira.

Diante disso, o produtor brasileiro comprou menos fertilizantes no acumulado de 2015. Nos primeiros sete meses do ano, as entregas de para o consumidor final caíram 7,7 % em relação ao mesmo período de 2014, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

Com o início do plantio da soja, em meados de setembro, a expectativa é que as vendas de adubos se recuperem e o setor feche o ano com pelo menos 30 milhões de toneladas negociadas, de acordo com estimativas da GO Associados.

– Devemos fechar 2015 com vendas no mercado de fertilizantes 5% menores do que em 2014. É uma queda relevante para o mercado de fertilizantes, que cresceu em torno de 4%, 5% nos últimos dez anos. Então, é um ano que o mercado de fertilizantes vai passar por um ajuste, por causa dessa piora no cenário agrícola para 2016 – afirma Silveira.

Com o atraso dos pedidos, o produtor que deixar para a última hora pode ficar sem o insumo ou ter de desembolsar mais para receber o adubo em tempo de iniciar o plantio.

– É preocupante no sentido de atrasos, nós vamos ter problemas de logística. Para esse produto chegar ao interior, logística de desembarques, de frete, certamente ele vai pagar mais caro. Ele pega um mercado em concorrência mais caro e, possivelmente, com fretes para cima, em função do nervosismo de logística – diz o consultor de mercado Flávio França Júnior.