A preocupação dos produtores de algodão neste ano tem se concentrado na qualidade do produto já que as baixas temperaturas dos últimos meses prejudicaram o desenvolvimento das lavouras.
Na próxima semana, o produtor Walter Ide inicia a colheita dos 250 hectares de algodão que produz em uma fazenda próxima a Uberlândia. Este ano ele acredita que vai colher 250 arrobas de caroço de algodão por hectare, 66% a mais do que na safra 2014/2015.
– As variedades que eu usei esse ano foram bem melhores que o ano passado. Em 2014 eu tive muitos problemas com variedade, o algodão caiu muito no chão, com isso a produtividade foi muito baixa. Esse ano está bem melhor – afirmou o produtor.
Mesmo com uma produtividade mais alta, Walter acredita que vai receber menos pelo produto. Na área de produção, a colheita está atrasada em vinte dias e a poeira tem prejudicado a qualidade das fibras e o vento tem derrubado o algodão.
– Eu vou conseguir em torno de R$ 72 a arroba, se pegar o custo passado tudo bem, agora se pegar o do próximo ano ai é ruim, para o próximo ano precisa aumentar ainda – disse o produtor.
Preços
Nas últimas semanas o preço do algodão voltou a subir no mercado. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o algodão foi comercializado em média a R$ 74 a arroba, quase 20% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
– Um ponto que nós temos observado muito é nesse aspecto o algodão brasileiro tem se beneficiado. Se por um lado a China está com estoques elevados, por outro lado falta algodão de qualidade no mundo. Quem produz algodão de qualidade no mundo hoje é essencialmente Estados Unidos, Brasil e Austrália e grandes produtores brasileiros tem conseguido posicionar o produto em um mercado de nicho, de alta qualidade – afirmou Anderson Galvão, analista de mercado da Céleres Consultoria.
A desvalorização do real frente ao dólar deve favorecer o preço do produto na safra 2015/2016 e estimular o plantio de novas áreas. Segundo levantamento realizado pela Céleres Consultoria, a expectativa para este ano é de aumento de 1,8% em relação à safra de 2014/2015, com mais de um milhão de hectares de algodão cultivados.
– O mercado de algodão no Brasil é concentrado em grandes produtores e o grande produtor brasileiro está fortemente inserido no mercado internacional. O produtor do Mato Grosso, por exemplo, exporta direto para uma tesselagem na Ásia, Europa, ou seja, pequenos choques de preço podem permitir, dado a agilidade comercial desse produtor brasileiro, assegurar uma área plantada maior.