Está mais caro produzir carne suína e o custo da ração e da energia elétrica são os principais responsáveis pela alta. O impacto só não é maior porque o preço da arroba está em alta e no segundo semestre a demanda costuma ser maior.
O custo da produção na granja de Cornélio Van Ham, em Holambra (SP), aumentou 20% desde o início do ano e ração é o que teve o maior impacto nessa alta.
– Hoje o equilíbrio nutricional depende da proteína, da energia da ração, e sem soja e milho você não fabrica uma ração de boa qualidade – afirmou o produtor.
O suinocultor fabrica a própria ração para reduzir custos. O preço da saca de milho na região passou de R$ 24 no início do ano para R$ 28 agora, incluindo o frete. Na mesma comparação, o farelo de soja saiu de R$ 960 para R$ 1.140 a tonelada.
Para Osler Desouzart, analista da OD Consulting, os motivos do maior custo da alimentação animal são a alta dos impostos, dos combustíveis e do frete, além da desvalorização do real frente ao dólar.
– Soja e milho refletem o preço do mercado internacional, agora, o Brasil é inteiramente dependente de microelementos importados. Não adianta dar para o suíno soja e milho se não der produtos como vitaminas e uma série de coisas que são essenciais para uma boa ração – afirmou o especialista.
O custo da energia também causou impacto. Em granjas de ciclo completo, como a de seu Cornélio, a energia elétrica aumentou mais de 30% de janeiro a julho, em média, de acordo com a Associação Paulista de Criadores de Suínos.
Com o aumento dos custos, o produtor economiza como pode, diminuindo, por exemplo, o tempo de uso do aquecimento nos filhotes. A produção cai um pouco mas mesmo assim compensa.
Ham também foge dos horários de pico para ligar os aparelhos que mais consomem energia elétrica, assim a conta fica mais barata. Ele gasta R$ 65 para produzir cada arroba e vende por até R$ 68.
Preços
O preço da carne suína teve alta na última semana de 1,62%, para R$ 5 o quilo da carcaça comum, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O aumento foi graças à elevação dos embarques e das vendas no mercado interno. Apesar do maior custo de produção, a expectativa do mercado é boa para os próximos meses.
– Agora começa a posição das indústrias para se preparar pra campanha de fim de ano, onde tem, além do consumo normal, uma seriedade produtos típicos, festivos, como pernil, o tender, os presuntos defumados, lombos, todos esses produtos que é hábito do brasileiro colocar na ceia de ano novo. As exportações estão indo muito bem, a tendência do mercado interno também é melhorar, acho que teremos bons níveis de preço até dezembro – disse o produtor.