Confinamento deve crescer 4% em 2015, prevê gerente da Associação dos Confinadores

Custo de produção e valorização cambial no segundo semestre contribuíram para capitalização dos pecuaristasO confinamento deve crescer 4% neste ano, e em 2015 os números também devem ser positivos, segundo as projeções da Associação dos Confinadores (Assocon). A expectativa é do gerente executivo da entidade, Bruno Andrade, que conversou com o jornalista Sergio Braga.

Esta é mais uma reportagem da série especial do Jornal da Pecuária, que também entrevistou o sócio-consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, e o presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Eduardo Bastos.

Canal Rural – Já temos os números consolidados de 2014? Apresentamos um crescimento ou ainda não?
Bruno de Andrade – Está previsto, já quase confirmado, um crescimento de 4% na quantidade de animais confinados em relação a 2013.

Canal Rural – Foi um ano de sobressaltos, principalmente no início, com aumento no custo de produção, mas o segundo semestre foi um pouco mais tranquilo. Foi um ano atípico ou não?
Andrade – Entramos em 2014 com um custo de produção elevado, mas aí a gente foi surpreendido – muito bem surpreendido – pelo segundo semestre, com custo de produção com custo de nutrição para animais confinados mais baixo, muito por conta do valor do milho e da precificação do boi gordo, que melhorou absurdamente neste segundo semestre. E que está fazendo o produtor conseguir se capitalizar e rentabilizar de forma muito adequada.

Canal Rural – Essa valorização da arroba não era prevista nem pelos principais analistas de mercado. Nem se tivessem uma bola de cristal, iriam imaginar que iria chegar a R$ 144 a arroba no finalzinho do ano. Isso surpreendeu também a Assocon?
Andrade  Surpreendeu demais. Eu não acreditava em R$ 150; hoje, talvez a gente possa chegar nesse valor. O mercado está realmente muito interessante, a demanda no mercado interno também, principalmente para carnes de alta qualidade, assim como no mercado externo. As exportações estão boas. Então, R$ 150 é a nova barreira, e quem sabe a gente a alcance até o final de dezembro.

Canal Rural – Diante desses números, as projeções para 2015 são mais positivas? Haverá um maior número de confinamentos, já que há uma escassez muito grande de animais terminados no mercado? 
Andrade 
 Param o segundo semestre de 2015, a gente ainda não tem muitos números, até porque a precificação do boi não permite essas análises. Mas, no primeiro semestre, é muito provável que a gente abata mais animais de confinamento do que abateu no primeiro semestre de 2014. Isso porque ainda vai ter essa valorização do boi gordo pelo menos nos três primeiros meses, de forma a valorizar a produção do pecuarista.

Canal Rural – O que acompanhamos em 2014 foi uma escassez de animais ou uma demanda muito grande?
Andrade 
 A gente teve uma demanda muito grande e, associada a isso, uma menor oferta de animais. É óbvio que sempre vai ter animais para serem abatidos, mas a demanda se comportou de forma muito interessante para o produtor e para o consumo de forma geral. A gente acabou conseguindo vender e muito bem tudo aquilo que foi colocado no mercado. Muito embora os preços da carne bovina ainda não tenham reagido da mesma forma e na mesma intensidade que o valor do boi gordo, o consumo tem conseguido pegar muito daquilo que foi produzido, e oq uie a gente não conseguiu colocar no mercado interno acabou sendo imoporatado para os diversos países com os quais hoje a gente tem negócios.

Canal Rural – A valorização cambial contribui bastante no setor ou é um a ser analisado de maneira distinta, à parte do mercado?
Andrade 
 Ajudou bastante também principalmente no segundo semestre. E a gente espera que, no próximo ano, ela venha a ajudar ainda mais. Espera-se uma desvalorização um pouco maior e isso pode ajudar as exportações das principais empresas frigoríficas. 

Canal Rural – Quando a gente fala de demanda, a gente fala da necessidade urgente de animais, seja para o mercado interno ou principalmente para exportação, já que o Brasil ganhou novos mercados e reconquistou outros. Nós temos aí a possibilidade da terminação em confinamento ser adiantada, de haver uma precocidade maior no abate dos animais?
Andrade 
 Deve ficar enrtre 90 e 120 dias para que o animal seja terminado. Em 2015, a gente acredita que haja um pouco mais de animais de confinamento sendo abatidos no primeiro semestre, tentando aproveitar esse bom preço que deve se apresentar, pois não acreditamos que vai haver uma oferta tão grande de animais de pastagem. Pode ser uma oportunidade para o confinador se capitalizar.