Com custos mais altos, o investimento em insumos vai cair, podendo comprometer a produtividade das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul. O excesso de chuva no estado também atrasou o plantio, que deveria ter começado neste mês de agosto.
Na propriedade de Luiz Carlos Machado, a terra está pronta, mas o plantio só deve começar no fim de outubro. O produtor, que espera colher 28 mil sacas nesta safra, está menos otimista.
– A gente está vendo que isso está se tornando a cada ano que passa um pouco mais difícil, e esse ano um pouco mais ainda, né? A baixa do preço do arroz, o aumento do custo da saca de produção, isso ocasionou uma falta de liquidez no produto, como também uma falta de dinheiro circulando no bolso do produtor, né? – diz.
Ele comprou os insumos com dois meses de atraso e ficou espantado com o aumento médio de 30% dos preços dos adubos e defensivos. Outro fator que pesa é o custo da energia elétrica, que ficou 77% mais cara em comparação com o mesmo período do ano passado. Somando todos esses aumentos, a saca de 50 quilos custa para o produtor, em média, R$ 37.
– Isso me parece quase óbvio que toda agricultura brasileira deverá ser abatida por esse problema, que é o forte aumento dos insumos, uma estagnação nos preços das commodities. Eu acho que o produtor vai buscar um equilíbrio e vai investir menos nas suas lavouras e isso deixará um tanto mais vulnerável a lavoura a uma baixa produtividade ou produtividade mais baixa que do ano passado – afirma o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz ), Henrique Dornelles.
A expectativa é de que a produção de arroz caia 5%, com um recuo da produtividade e estagnação no tamanho da área plantada.
– Com essa alta do dólar, os produtores estão pensando como é que ficam os custos de máquinas, de insumos que podem aumentar, e essas vertentes influenciam muito na questão da área, na questão do investimento – diz o analista de mercado da Safras e Mercado Mahal Terra.
O consumidor deve ser prejudicado com esta situação, vendo os preços dispararem em curto prazo.
– Diferentemente do que aconteceu no primeiro semestre, hoje a demanda cresceu um pouco, a oferta tá estabilizada e a busca por estoque aumentou, tanto das indústrias quanto dos compradores – afirma Terra.