Depois de onze meses de discussões, governo, usineiros e sindicatos de trabalhadores assinaram na última quinta, dia 25, um documento no qual se comprometem a tomar diversas medidas para melhorar as condições dos mais de um milhão 260 mil empregados do setor sucroalcoleiro do país.
Com o compromisso, todos os cortadores de cana terão que ser registrados em carteira e contratados diretamente pelo fornecedor. Além disso, a quantidade de cana que cada um corta por dia será melhor monitorada e, em consequência, os cortadores vão ser remunerados de forma mais correta. O compromisso ainda prevê uma série de melhorias em relação a alojamento, alimentação, saúde e segurança dos trabalhadores. As ações vão ter que ser tomadas principalmente pelos empresários, mas o governo e os sindicatos também têm um papel muito importante.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piracicaba, um dos pólos sucroalcoleiros do centro-sul do Brasil, reúne mais de duas mil pessoas que trabalham no setor. A presidente da entidade, Aparecida Pino Camargo, considera o acordo um avanço e diz que a entidade vai fiscalizar para que ele seja cumprido.
O compromisso prevê que o governo promova a qualificação dos cortadores de cana para que eles sejam reinseridos no mercado de trabalho. Do lado dos fornecedores, o acordo também tem sido visto com bons olhos. Só na Coplacana, cooperativa de Piracicaba, uma das maiores do país, são 8,5 mil associados e uma produção de 10 milhões de toneladas de cana. O presidente da associação, José Coral, garante que algumas das medidas previstas no compromisso, como a contratação direta e o registro em carteira, já eram tomadas na região. Coral ressalta que, se o acordo for cumprido, o Brasil assume um patamar ainda melhor no mercado mundial de etanol.
A adesão ao acordo é voluntária. Mais de 75% das usinas brasileiras já aderiram. O documento tem validade de dois anos e pode ser prorrogado.