Investidores querem taxa de retorno maior de rodovias

Empresários também pedem fim de isenções que geram quebra de contratos

Fonte: Autopista Litoral Sul/Divulgação

Concessionárias de rodovias analisaram no Congresso Brasileiro de Rodovias, realizado hoje, dia 14, em Brasília, duas décadas do modelo de concessão de rodovias adotado pelo país. Os investidores cobraram maior taxa de retorno em futuros leilões e o fim de isenções que quebram os contratos e obrigam aumento das taxas de pedágios para reequilibrar as contas.

Em 20 anos de concessões de rodovias para a iniciativa privada, foram investidos R$ 43 bilhões e a previsão para os próximos cinco anos são de mais R$ 55 bilhões nos contratos já assinados.

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que reúne 15 grupos de investidores, mostrou preocupação com a dificuldade de conseguir os financiamentos. O rebaixamento do rating do Brasil, levando o país a perder o “selo“ de bom pagador, já reflete no mercado.

– Ainda somos [um país com grau de investimento] porque você precisa que duas das três grandes agências rebaixem. Não é o caso do Brasil, mas os sinais não são favoráveis e o mercado financeiro é muito atento a esse tipo de coisa, então ele já precificou isso e está reagindo de uma forma negativa – afirmou o diretor operacional da AutoBan.Sistema Anhanguera Bandeirantes, Roberto Siriani.

Somente a isenção da cobrança do pedágio para o terceiro eixo de caminhões sem carga provocou um aumento de 6,99% nos valores do pedágio na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de janeiro.

– Tivemos recentemente uma série de aumentos de tarifas de pedágio que teria sido desnecessário se a discussão da isenção para eixo suspenso de caminhões vazios tivesse sido realizada de maneira mais completa e com uma visão de beneficio para todos – disse o presidente da ABCR, Ricardo Pinheiro.

As concessionárias trabalham para convencer o governo que todo tipo de isenção provoca aumento no valor do pedágio. Outra preocupação é com a taxa de retorno dos investimentos nas concessões, hoje está em 9,2%, os investidores querem pelo menos dois dígitos para que os leilões sejam atrativos.

– Existe um desmembramento de toda esta conjuntura, onde o pessoal vem conversando no sentido de viabilizar as taxas de retorno em torno dos dois dígitos. O edital tem que ser coerente com a situação atual do país e também a gente não pode ter esta quebra de contrato quando você é obrigado a fazer reequilíbrios por decisões governamentais – afirmou o diretor superintendente da Auto Vias, José Fernando Nogueira.

A representante no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Daniela Carrera-Marques, também fez duras criticas ao baixo nível de investimento do governo brasileiro em infraestrutura.

– Nos últimos anos se investiu menos de 2,5% do Produto Interno Bruto [PIB] em infraestrutura. Seriam necessários investimentos de 3% do PIB só para manter os ativos existentes – disse.