Mato Grosso tem pior relação de troca de adubo por soja

Produtor precisa de 27,8 sacas por tonelada de fertilizante, diz GO Associados 

Fonte: Divulgação/Canal Rural

A alta dos preços dos fertilizantes devido ao dólar e a queda dos preços das commodities fez piorar a relação de troca em Mato Grosso, principal estado produtor de soja do país.

Levantamento realizado pela GO Associados mostra que em julho do ano passado eram necessárias aproximadamente 21 sacas de 60 quilos de soja para adquirir uma tonelada de fertilizante. Já em julho de 2015 esta relação foi de 27,8 sacas por tonelada de fertilizante. Na média no país, a relação em julho era de 23,5 sacas de soja para cada tonelada de fertilizante pretendida.

Em cinco Estados, os valores ficaram abaixo desse em Mato Grosso: Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Maranhão e Piauí. Na Bahia, foi verificada a melhor relação para os produtores de soja, 18,9 sacas por tonelada de fertilizante. Mato Grosso foi o que registrou a pior relação de troca dentre os Estados produtores da oleaginosa.

– Os dados são sinalizadores de como será o plantio. Se a rentabilidade vai piorando, a probabilidade de o produtor ampliar sua área diminui, porque ele vai perdendo competitividade – afirmou o diretor de pesquisa da GO Associados, Fábio Silveira.

Milho

No caso do milho, a quantidade de sacas de cereal necessárias para adquirir uma tonelada de fertilizante também aumentou no último ano. No Paraná, que cultiva duas safras do cereal, em julho do ano passado a relação de troca era 61 sacas por tonelada de fertilizante. Já no mesmo mês de 2015, esse número subiu para 67,1 sacas por tonelada.

A relação, porém, ficou abaixo da média verificada no Brasil, 76,1 sacas por tonelada de fertilizante. No Estado de Mato Grosso se verificou a relação mais desfavorável aos produtores, 100,4 sacas por tonelada de fertilizante.

Algodão e cana-de-açúcar

A relação de troca também ficou mais desfavorável aos produtores de algodão em Mato Grosso do Sul e de cana-de-açúcar em São Paulo, mostra o levantamento da GO Associados. No primeiro caso, enquanto em julho de 2014 eram necessárias, aproximadamente, 57 arrobas (15 quilos) por tonelada de fertilizante, em julho de 2015 a relação subiu para 69,8 arrobas por tonelada.

O número é menor que a média do país, 61,9 arrobas por tonelada, e bem abaixo da pior relação de troca verificada no mês, referente a Minas Gerais, 86,9 arrobas por tonelada de fertilizante.

Quanto aos produtores de cana, a relação passou de pouco mais de 26 toneladas de cana por tonelada de fertilizante em julho de 2014 para 27 toneladas por tonelada do insumo, em São Paulo. O valor ficou acima da média do país, de 26,7 toneladas de cana por tonelada de fertilizante.

Café

Segundo a consultoria, o café foi a única cultura cuja relação de troca se tornou mais favorável ao produtor de um ano para outro. Em julho do ano passado, era preciso 2,8 sacas de 60 quilos para adquirir uma tonelada de fertilizante. No mesmo mês de 2015, a relação caiu para 2,2 sacas por tonelada.

Preços

O comportamento dos preços dos produtos intermediários importados para a produção de fertilizantes não foi homogêneo, ainda segundo a GO Associados. A ureia recuou de aproximadamente US$ 300 por tonelada em julho de 2014 para cerca de US$ 270 por tonelada no mesmo mês de 2015. O superfosfato triplo caiu de pouco mais de US$ 410 para US$ 380 nos mesmos períodos. Já o cloreto de potássio aumentou de US$ 286 por tonelada para US$ 305 por tonelada, assim como a rocha fosfática, que saiu de US$ 110 por tonelada para US$ 115 por tonelada nos respectivos meses.